Game of Thrones | Quem é o 'Azor Ahai', o Príncipe Prometido? - Multiversos
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Game of Thrones | Quem é o ‘Azor Ahai’, o Príncipe Prometido?

Os livros de ‘A Guerra dos Tronos’ apontam para um salvador que se levantaria contra ‘A Longa Noite’. Mas, quem é o Azor Ahai?

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Grandes obras como ‘As Crônicas de Gelo e Fogo’, popularmente conhecida como ‘Game of Thrones’ (‘A Guerra dos Tronos’), deixam pequenas pistas no seu decorrer de forma a fazer com que seus leitores possam rastrear informações sem que tudo precise ser jogado na sua cara claramente exposto ou dito de forma mastigada por apenas um personagem. “O diabo mora nos detalhes”, diz o provérbio alemão.

Seguindo estas pistas, vários leitores ao longo dos anos vão tecendo tramas intrincadas sobre vários pontos da obra de George R. R. Martin: “Quem é a mãe de Jon Snow?”, “Por que Tyrion possui um olho púrpura?”, “Syrio Forel e Jaqen H’Ghar são a mesma pessoa?”, “Por que não chamam a família Frey apenas de ‘Os Fêi’?”.

No entanto, nenhuma especulação é tão levantada entre os fãs de ‘Game of Thrones’ quanto: “Quem é o Príncipe Que Foi Prometido?”

++Leia também:
– House of the Dragon | Série prequel de Game of Thrones começa a busca por elenco
– Game of Thrones | Série ‘O Cavaleiro dos Sete Reinos’ está em desenvolvimento inicial

Uma postagem da página do facebook Serpentes da Areia, traz o texto do administrador e fã da obra de Martin, Matheus Marques, com uma teoria extremamente bem embasada sobre a real identidade do Príncipe Prometido. Com a permissão dos administradores da página nós trazemos a teoria, na íntegra, abaixo:


Porque Daenerys é, (quase) com certeza, o Azor Ahai

(Esse texto usará como base todos os livros escritos por George R. R. Martin sobre o seu universo e informações/argumentos que li em outros lugares e achei coerentes. Embora Daenerys seja uma das minhas personagens preferidas de ASOIF [‘A Song of Ice and Fire’ ou ‘As Crônicas de Gelo e Fogo’, e português], esclareço que a minha crença nela como Azor Ahai renascido não é fruto de um favoritismo pela personagem e, sim, a conclusão que eu cheguei através da análise das informações fornecidas pelo autor até o momento.)

Para falarmos sobre o Azor Ahai, é necessário primeiramente saber quem é ele. Azor Ahai, de acordo com as lendas, foi um herói que viveu durante a Longa Noite e lutou contra a escuridão, vencendo-a por fim. Nos livros de ASOIF ele é primeiramente mencionado em ‘A Fúria dos Reis’, no pov de Davos, por Melisandre.

“– Nos livros antigos de Asshai está escrito que chegará um dia, após um longo Verão, em que as estrelas sangrarão e o bafo frio da escuridão cairá, pesado, sobre o mundo. Nessa hora de terror um guerreiro retirará do fogo uma espada em chamas. E essa espada será a Luminífera, a Espada Vermelha dos Heróis, e aquele que a pegar será Azor Ahai renascido, e a escuridão fugirá perante ele – e levantou a voz, para que fosse ouvida pela tropa ali reunida. – Azor Ahai, o amado de R’hllor! O Guerreiro da Luz, o Filho do Fogo! Avance, a sua espada o espera! Avance, e tome-a em sua mão!” (‘A Dança dos Dragões’, cap 10)

Melisandre, por contra própria e independente dos demais sacerdotes vermelhos, decidiu procurar Stannis Baratheon após vê-lo em suas visões. Ela interpretou Pedra do Dragão como o local de fumaça e sal de que a profecia (que será em breve citada) falava e foi procurá-lo.

Mais informações sobre Azor Ahai são dadas a seguir no mesmo capítulo por Salladhor Saan, que conta para Davos a lenda envolvendo a forja da espada do AA [Azor Ahai], que a profecia previa que iria ser novamente retirada das chamas por esse herói renascido.

“Conhece a lenda sobre a forja de Luminífera? Vou contá-la. Era num tempo em que a escuridão caíra, pesada, sobre o mundo. Para enfrentá-la, o herói tinha de ter uma lâmina de herói, ah, como nenhuma que já tivesse existido. E assim, durante trinta dias e trinta noites, Azor Ahai trabalhou sem dormir no templo, forjando uma lâmina nas fogueiras sagradas. Aquecer, martelar e dobrar, aquecer, martelar e dobrar, ah, sim, até a espada ficar pronta. Mas, quando a mergulhou na água para temperar o aço, ela se partiu em pedaços. Como era um herói, não era do seu feitio desistir e ir atrás de excelentes uvas como estas, e, portanto, recomeçou. Da segunda vez levou cinqüenta dias e cinquenta noites, e essa espada parecia ainda melhor do que a primeira. Azor Ahai capturou um leão, para temperar a lâmina mergulhando-a no coração vermelho da fera. Mas mais uma vez o aço se estilhaçou e se dividiu. Grande foi sua aflição e grande foi seu desgosto, pois sabia o que tinha de fazer. Trabalhou na terceira lâmina durante cem dias e cem noites e, enquanto ela brilhava, incandescente, nas fogueiras sagradas, chamou a mulher. “Nissa Nissa” disse-lhe, pois era esse o seu nome, “Desnude o peito, e fique sabendo que a amo mais do que a qualquer outra coisa no mundo”. Ela obedeceu, não faço idéia do porquê, e Azor Ahai enfiou a espada fumegante no seu coração vivo. Diz-se que o grito de angústia e êxtase que ela soltou abriu uma fenda no rosto da lua, mas seu sangue, sua alma, sua força e sua coragem penetraram no aço. Esta é a lenda sobre a forja da Luminífera, a Espada Vermelha dos Heróis.”

Esse herói, então, lutou contra a escuridão e venceu, salvando a humanidade. A Longa Noite é mencionada em lendas de diversos lugares de Essos, embora o modo como essa escuridão chegou ao fim não seja um consenso, e em muitos deles é falado de um herói que lutou contra essa escuridão – heróis com nomes diferentes mas que podem muito bem ser a mesma figura. Essa escuridão também é mencionada em Westeros e as lendas ali também concordam que foi um herói que venceu tal escuridão, embora não se possa dizer se ele se trata de Azor Ahai.

“Também está escrito que há anais em Asshai sobre tal escuridão, e sobre um herói que lutou contra ela com uma espada vermelha. Dizem que seus feitos se deram antes da ascensão de Valíria, nos tempos primordiais quando a Velha Ghis começava a formar seu império. Essa lenda se espalhou a oeste de Asshai, e os seguidores de R‘hllor afirmam que esse herói se chamava Azor Ahai, e profetizaram seu retorno. No Compêndio de Jade, Colloquo Votar relata uma lenda curiosa de Yi Ti, que afirma que o sol escondeu seu rosto da terra por toda a vida, envergonhado de algo que ninguém jamais descobriu, e que este desastre foi revertido graças aos feitos de uma mulher com uma cauda de macaco.” (‘O Mundo de Gelo e Fogo’, A Longa Noite)

“Quanto tempo a escuridão durou nenhum homem pode dizer, mas todos concordam que foi só quando um grande guerreiro conhecido como Hyrkoon, o Herói, Azor Ahai, Yin Tar, Neferion e Eldric Caçador de Sombras surgiu para dar coragem à raça dos homens e liderar os virtuosos em batalha com sua espada brilhante Luminífera que a escuridão foi condenada à derrota, e a luz e o amor retornaram mais uma vez ao mundo.” (‘O Mundo de Gelo e Fogo’, Os Ossos e Além: Yi Ti)

“No Norte, falam sobre o último herói que buscou ajuda dos filhos da floresta, com seus companheiros o abandonando ou morrendo um a um enquanto enfrentavam gigantes vorazes, servos gelados e os próprios Outros. Sozinho, ele finalmente encontrou os filhos, apesar dos esforços dos caminhantes brancos, e todas as histórias comprovam que este foi um momento de virada. Graças aos filhos da floresta, os primeiros homens da Patrulha da Noite se uniram e foram capazes de lutar – e vencer – a Batalha da Aurora: a batalha final que acabou com o inverno sem fim e mandou os Outros de volta ao norte congelado.” (‘O Mundo de Gelo e Fogo’, A Longa Noite)

É profetizado o retorno de Azor Ahai pelos sacerdotes de R’hllor que o tem como uma figura messiânica. Eles creem que uma nova escuridão cairá sobre a terra em certo momento e que esse herói ressurgirá para novamente lutar contra ela e salvar a humanidade. Segue a profecia que prevê o renascimento de Azor Ahai:

“Quando a estrela vermelha sangrar e as trevas aumentarem, Azor Ahai renascerá entre fumaça e sal para despertar os dragões da pedra.” (‘A Dança dos Dragões’, cap 49)

Vemos, portanto, que Azor Ahai foi um herói lendário que venceu a escuridão e que teve a volta profetizada para vencê-la novamente, quando ela retornasse. Ele viria ao mundo renascido entre fumaça e sal quando a estrela vermelha sangrasse para acordar os dragões de pedra.

Outro fato interessante a se mencionar é que nos livros nos é dada uma informação de que foi profetizada por uma bruxa dos bosques que o Príncipe Prometido viria da descendência de Aerys II e Rhaella Targaryen, e que, por esse motivo, seus pais os obrigaram a se casar. A bruxa dos bosques é revelada posteriormente como sendo, ninguém menos, que a Fantasma de Coração Alto, com quem Arya Stark se encontra no terceiro livro. Ela é, provavelmente, associada a magia dos Filhos da Floresta e, até o momento, suas previsões foram infalíveis.

“– Vi o casamento de seu pai e sua mãe também. Me perdoe, mas não havia carinho ali, e o reino pagou caro por isso, minha rainha.
– Por que se casaram se não amavam um ao outro?
– Seu avô ordenou. Uma bruxa do bosque dissera para ele que o príncipe prometido nasceria da linhagem deles.”
(‘A Dança dos Dragões’, cap 30)

Portanto, esses são os requisitos relacionados ao Azor Ahai e seu renascimento:

  1. O término de um longo verão (o último verão durou dez anos e foi o mais longo já registrado na história de Westeros);
  2. O aumento da força das trevas/o bafo frio da escuridão/a Longa Noite;
  3. Uma estrela sangrando;
  4. Renascimento entre fumaça e sal;
  5. Despertar os dragões de pedra;
  6. Vir da descendência de Aerys e Rhaella Targaryen;
  7. Retirar do fogo uma espada em chamas, chamada Luminífera.

Alguns outros apontamentos são feitos sobre esse herói ao longo dos livros:

1- Benerro nos diz que ele fará um mundo novo

“– Benerro enviou a palavra de Volantis. A vinda dela é o cumprimento de uma antiga profecia. Da fumaça e do sal ela nascerá, para fazer um mundo novo. Ela é Azor Ahai retornado… e o triunfo dela sobre a escuridão trará um verão sem fim… a morte dobrará os joelhos, e aqueles que morrerem lutando pela causa dela renascerão.” – ‘A Dança dos Dragões’

2- Aemon nos diz que pode ser um príncipe ou uma princesa devido a fluidez da língua

“— Ninguém nunca pensou em uma garota, — disse ele. — Foi um príncipe que nos prometeram, não uma princesa… Quão estúpidos fomos! Nos achávamos tão sábios. O erro veio da tradução. Os dragões não são machos nem fêmeas. Eles são agora um e agora o outro, tão mutáveis como as chamas. A linguagem nos enganou por mil anos.”

Agora, que temos as informações sobre esse herói, quem foi e quais as condições de seu renascimento no mundo de acordo com as profecias, vamos analisar os possíveis candidatos a ele:

Stannis Baratheon

Melisandre acredita inicialmente que Stannis Baratheon era o Azor Ahai, porém, vemos ao longo dos livros que sua crença foi baseada em premissas totalmente falsas e que não há nada que aponte para Stannis Baratheon como Azor Ahai.

Melisandre acredita que Stannis é o Azor Ahai devido ao fato de estar em Pedra do Dragão, que ela considera ser o local de fumaça e sal em que o Azor Ahai nasceria. Entretanto, tem um problema com essa teoria: Stannis é um Baratheon e não nasceu em Pedra do Dragão mas, sim, em Ponta Tempestade. Ele era apenas lorde do castelo naquela época, cumprindo as ordens de seu irmão, Robert. Portanto, ele não renasceu entre fumaça e sal.

“– Ele não está morto. Stannis é o escolhido do Senhor, destinado a liderar a luta contra a escuridão. Vi isso em minhas chamas, li nas antigas profecias. Quando a estrela vermelha sangrar e as trevas aumentarem, Azor Ahai renascerá entre fumaça e sal para despertar os dragões de pedra. Pedra do Dragão é o lugar de fumaça e sal.
Jon já ouvira tudo isso antes.
– Stannis Baratheon era o Senhor de Pedra do Dragão, mas não nasceu ali. Nasceu em Ponta Tempestade, como seus irmãos.”
(‘A Dança dos Dragões’, cap 49)

Além do fato de que Melisandre acredita que poderia matar Edric Storm e usar seu sangue para ressuscitar os dragões de pedra, porém ela ignora o fato de que os dragões já retornaram ao mundo.

Por fim, Meistre Aemon percebe no ‘Festim dos Corvos’ que a espada de Stannis não emanava calor e, ao saber que os dragões tinham voltado ao mundo, conclui que Stannis não é Azor Ahai.

“Diga a eles. A profecia… O sonho do meu irmão… Melisandre interpretou mal os sinais. Stannis… Stannis tem um pouco do sangue de dragão. Seus irmãos fizeram o mesmo. Rhaelle, a filha de Egg… mãe de seu pai… ela costumava me chamar de tio meistre quando era apenas uma garotinha. Lembrei-me que, assim que me permiti ter esperança… talvez eu quisesse… todos nós nos enganamos, quando queríamos acreditar em algo. Melisandre foi a que mais se enganou, esta é a espada errada, ela tem que saber… luz sem calor… um glamour vazio, esta é a espada errada, a luz falsa só pode nos aprofundar ainda mais na escuridão.” (‘O Festim dos Corvos’, cap 35)

Fica, portanto, claro que Stannis não se encaixa em nenhum requisito da profecia. E, embora tenha, sim, sangue Targaryen, nenhuma profecia nos diz nada sobre sangue Targaryen, ela faz referência a uma linhagem Targaryen específica que é a vinda de Aerys II e Rhaella. Stannis não descende deles.

Jon Snow

Outro possível candidato a Azor Ahai seria Jon Snow. Eu vejo o Jon como o arquétipo perfeito para ser Azor Ahai, e o mais clichê de todos: ele é o personagem honrado, altruísta, que está diretamente ligado a luta contra os Outros, é um líder nato e um bom espadachim, e tem desde o começo dos livros o bem da humanidade como objetivo. Para muitos isso torna provável que ele seja então o Príncipe Prometido mas, para mim, isso só o torna o mais improvável. Martin já deixou claro o quanto odeia clichês, o quanto abomina a dictomia óbvia “bem vs mal”, e tenta ao longo das ‘Crônicas’ desconstruir, ou pelo menos minimizar, os clichês e esteriótipos clássicos das obras de fantasia. Colocar o Jon como Azor Ahai apenas iria fazer com que ele fosse o clássico arquétipo messiânico, contradizendo tudo que o Martin vem fazendo e falando até o momento.

No entanto, apenas isso não é suficiente para descartar a hipótese de Jon Snow como Azor Ahai, portanto, vamos analisar a teoria que tenta colocar ele nesse papel.

Normalmente se diz que a profecia se cumpriu em Jon Snow quando ele morreu pelas mãos da Patrulha da Noite. De acordo com a teoria, a estrela que sangraria seria o manto de Sor Patrek da Montanha do Rei que foi morto por Wun Wun, a fumaça seria o vapor que saía de suas feridas e o sal seriam as lágrimas de Bowen Marsh ao esfaqueá-lo.

Essa teoria, entretanto, tem alguns problemas:

1- Jon Snow não estava aí renascendo, ele estava morrendo. Caso sua ressurreição ocorra nos livros (o que acho, sim, provável), não sabemos em quais circunstâncias ela se dará para sabermos se ele vai cumprir a profecia. Pode acontecer de a ressurreição ocorrer entre fumaça e sal enquanto uma estrela vermelha sangra? Pode. Mas não aconteceu e, até o momento, nada nos indica que vá. Lembrando que o cometa vermelho já não está mais visível em Westeros, conforme nos é mostrado em ‘A Dança dos Dragões’.

“Quando Davos tentara assegurar-lhe que obteria o seu pagamento, Salla explodira. 
— Quando, quando? Amanhã, na lua nova, quando o cometa vermelho voltar a aparecer?”
(‘A Dança dos Dragões’, cap 9)

2- Outra coisa que não faz sentido é a suposta teoria da estrela que sangra fazer referência ao manto de Sor Patrek. Pra começar que Martin sequer se dá ao trabalho de especificar que as estrelas do manto dele ficaram vermelhas, isso é concluído. Ela faz menos sentido ainda quando se leva em conta que o personagem e o símbolo são inseridos na história apenas por uma aposta entre George R.R Martin e seu amigo Patrick St. Denis. As estrelas azuis de seu brasão faziam parte da aposta e têm como inspiração o time de futebol americano Dallas Cowboys, time que Patrick torce. É insensato pensar que o cumprimento de uma profecia iria se dar pelo manto de um personagem que, tanto ele, como seu símbolo, aparecem nos livros de forma não-planejada. Principalmente levando em conta que o Martin colocou a porra de um cometa vermelho no céu que é mencionado por todos os personagens durante todo o segundo livro.

3- Jon Snow não acordou os dragões de pedra. A profecia nos diz claramente que os dragões de pedra seriam acordados pelo Azor Ahai no momento de seu renascimento. Entretanto, não temos indício de que Jon Snow fez ou irá fazer isso. E os dragões já haviam retornado ao mundo. Pode-se argumentar que a profecia, nesse ponto, não seja literal e, de fato, pode não ser, mas de que maneira figurativa vocês sugerem que o Jon cumpriu ou cumprirá a profecia? Porque eu, sinceramente, não vejo nenhum.

Apesar de tudo isso, existem algumas coisas que eu acredito que pareçam menos forçadas e mais coerentes, e que, realmente, podem apontar para Jon Snow como Azor Ahai, embora esteja longe de ser forte o suficiente para concluir que ele realmente o seja:

a) Quando Melisandre pede para que o Senhor da Luz lhe mostre Azor Ahai, tudo que ela vê é Snow. A palavra está em letra maiúscula nos livros e, portanto, disso tira-se a conclusão de que não se refere a neve mas, sim, a Jon Snow. Bom, isso sempre me deixou um pouco confuso porque, mais a frente, Melissandre conta a Jon Snow que pedia para ver Stannis e só via “snow”, no entanto dessa vez a palavra aparecia em letra minúscula. Talvez pelo fato de que seja um pov dele, enquanto o primeiro era um pov dela, e por ele não saber que a referência era a ele próprio, acabou entendendo que era neve, e por isso ficou em letra minúscula. No entanto, ela podia simplesmente dizer “eu vejo você”. Bem, poderia, mas ela também poderia claramente estar confusa e decidir não revelar isso. É uma possibilidade que deve ser admitida, e eu particularmente acredito que, de fato, ela viu Jon Snow nas chamas. Mas isso significa necessariamente que ele é Azor Ahai? Longe disso. No mesmo pov Melisandre pede para ver diversas coisas, entre elas o Azor Ahai. Nós temos exemplos durante os livros de que Melisandre não vê o que ela quer e sim o que ela precisa. Em certos momentos ela nem sequer pede para ver Azor Ahai, e sim especificamente para ver Stannis. No entanto, a visão que aparece para ela é a de caras sem olhos fitando-a e torres junto ao mar, entre outras visões aleatórias. Vejam:

“Mostre-me Stannis, Senhor, rezou. Mostre-me o seu rei, o seu instrumento. Visões dançaram na frente dela, douradas e escarlates, tremeluzentes, formando-se, derretendo e dissolvendo-se umas nas outras, formas estranhas, aterrorizadoras e sedutoras. Viu de novo as caras sem olhos, fitando-a com órbitas chorando sangue. Depois as torres junto ao mar, ruindo quando a maré negra se ergueu para varrê-las, subindo das profundezas. Sombras com a forma de crânios, crânios que se transformavam em névoa, corpos unidos em luxúria, contorcendo-se, rolando, esgatanhando-se. Através de cortinas de fogo, grandes sombras aladas rodopiavam num duro céu azul.” (‘A Dança dos Dragões’, pov Melisandre)

Logo depois, ela também pede para ver a menina a cavalo que vinha para Winterfell, que ela julgava inicialmente tratar-se de Arya Stark mas depois é mostrado que se enganou. Ela, no entanto, novamente não tem a visão que pede e, aparentemente, vê Bran nas chamas. Vejam:

“A menina. Tenho de voltar a encontrar a menina, a menina cinzenta no cavalo moribundo. Jon Snow esperaria isso dela, e em breve. Não seria suficiente dizer que a menina estava em fuga. Ele iria quer mais, iria querer o quando e o onde, e ela não tinha isso para lhe dar. Só vira a menina uma vez. Uma menina cinzenta como cinza, e ainda eu observava já ela se desfazia e era soprada para longe. Um rosto tomou forma dentro da lareira. Stannis?, pensou, só por um momento… mas não, aquelas não eram as suas feições. Um rosto de madeira, de um branco de cadáver. Seria aquele o inimigo? Um milhar de olhos vermelhos flutuaram nas chamas que se erguiam. Ele está a ver-me. A seu lado, um rapaz com uma cara de lobo atirou a cabeça para trás e uivou.” (‘A Dança dos Dragões’, pov Melisandre)

Fica claro, portanto, que Melisandre não vê o que pede mas, sim, o que precisa ver. Ela viu Jon Snow simplesmente porque ele estava correndo o perigo iminente de ser morto pelos seus irmãos juramentados, e ela é alertada desse perigo nas suas visões. Portanto, embora possa, sim, ser que R’hllor tenha mostrado Jon Snow porque queria que ela soubesse que ele era o Azor Ahai, isso ainda não é algo certo e, portanto, um argumento ainda fraco para provar isso.

b) Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen

Esse é o motivo que mais me faz admitir que talvez haja a possibilidade, mesmo que remota, de Jon Snow ser o Azor Ahai. E por que isso? Bem, vocês engoliram aquela fanfic de que o Rhaegar largou sua esposa e seus filhos, incluindo o Aegon que ele considerava ser o Príncipe Prometido, causou uma guerra e sua própria morte simplesmente porque ele e Lyanna se apaixonaram? Bom, eu não.
Rhaegar Targaryen por muito tempo acreditou ser ele o Príncipe Prometido, ele levava essa profecia demasiadamente a sério. Nos é revelado que ele preferia os livros às espadas, mas por conta dessa profecia aprendeu a lutar.

“– Quando criança, o Príncipe de Pedra do Dragão era extraordinariamente dado à leitura. Começou a ler tão cedo que os homens diziam que a Rainha Rhaella devia ter engolido alguns livros e uma vela enquanto ele estava em seu ventre. Rhaegar não tinha nenhum interesse pelas brincadeiras das outras crianças. Os meistres ficavam assombrados com sua inteligência, mas os cavaleiros do pai trocavam gracejos amargos sobre Baelor, o Abençoado, ter renascido. Até que um dia o Príncipe Rhaegar encontrou algo em seus pergaminhos que o mudou. Ninguém sabe o que pode ter sido, só se sabe que o garoto apareceu no pátio uma manhã, no momento em que os cavaleiros vestiam as armaduras. Foi direito a Sor Willem Darry, o mestre de armas, e disse: “Vou precisar de espada e armadura. Parece que tenho de ser um guerreiro.” (‘A Tormenta de Espadas’, pov Daenerys)

Depois de crescido, Rhaegar deixa de acreditar que é o Azor Ahai mas então passa a acreditar que esse seria seu filho, Aegon Targaryen.

“Rhaegar, pensava eu… a fumaça era do incêndio que devorou Solarestival no dia de seu nascimento, o sal vinha das lágrimas derramadas por aqueles que morreram. Ele partilhou minha crença quando era novo, mas mais tarde persuadiu-se de que seria o filho a cumprir a profecia, pois um cometa foi visto no céu de Porto Real na noite em que Aegon foi concebido, e Rhaegar tinha certeza de que a estrela sangrando era um cometa.” (‘O Festim dos Corvos’, pov Samwell Tarly)

Na Casa dos Imortais, Daenerys tem uma visão em que Rhaegar Targaryen se mostra convencido de que seu filho Aegon é o Príncipe Prometido, entretando, ele não está satisfeito. Rhaegar quer mais um filho porque “o dragão tem três cabeças”.

“— Fará uma canção para ele? — a mulher perguntou.
— Ele já tem uma canção. É o príncipe que foi prometido, e é sua a canção de gelo e fogo — ergueu o olhar quando disse aquilo, e seus olhos encontraram os de Dany, e pareceu que a via ali em pé através da porta. — Terá de haver mais um — ele disse, embora Dany não soubesse dizer se estava falando para ela ou para a mulher na cama. — O dragão tem três cabeças — dirigiu-se ao banco da janela, pegou uma harpa e seus dedos correram com leveza sobre as cordas prateadas”.
(‘A Fúria dos Reis’, pov Daenerys)

Acho importante fazer uma rápida menção ao fato de que na visão, quando Rhaegar fala do Príncipe Prometido, seus olhos encontram os de Daenerys e ela tem a impressão de que ele podia vê-la. Seria isso uma referência a ela como Azor Ahai? Bem, acredito que sim. Mas vamos voltar para Jon, Rhaegar e Lyanna que é o que interessa nesse momento. Além da menção a gelo e fogo, Rhaegar fica convencido de que precisa ter um novo filho. O problema é que Elia não pode lhe dar um. Os meistres haviam alertado que ela podia morrer se tivesse um novo filho. Rhaegar então encontra Lyanna no Torneio de Harrenhal pela primeira vez e, ao vencer o Torneio, coroa a Rainha do Amor e da Beleza. Por que ela e não sua esposa? Estaria, assim, já tão apaixonado por alguém que mal conhecia? Logo depois do Torneio, Lyanna foi aparentemente raptada por Rhaegar e aí tudo começou.

Queria Rhaegar mais um filho apenas? Acreditou ele que o terceiro filho seria uma das três cabeças de dragão do seu irmão? Ou ia além disso? Será que ele acreditava que Lyanna representava o gelo e ele o fogo, e que deles viriam o Príncipe Prometido? Bem, apenas podemos especular sobre isso. No entanto, obcecado como era com a profecia, eu particularmente acredito, sim, que o relacionamento dele com Lyanna estava baseado nas crenças dele sobre isso.

A questão porém é que Rhaegar acreditar que Jon fosse o Azor Ahai, não torna isso verdadeiro. Ainda que seja provado que Rhaegar, de fato, compartilhava essa crença, isso ainda não a torna verdadeira. Afinal, o próprio Rhaegar já tinha se enganado antes em relação a ele mesmo e a seu outro filho. Seria apenas mais um erro. Além de que, apesar de toda essa coisa de “gelo e fogo”, Martin já deixou bem claro que esse título faz mais referência a luta contra os Outros, que são os que realmente representam o gelo, do que a um personagem. Gelo e Fogo podem ser interpretados de várias formas que fazem mais sentido: Humanos vs Outros, Dragões vs Outros, e por aí vai. Martin mesmo já mencionou esses exemplos como significados do nome da saga. E Jon parece estar muito mais relacionado ao elemento gelo do que ao fogo. Ele passa toda a saga no Norte e Além da Muralha, seus povs estão mais relacionados a essas áreas. Acredito que Daenerys estaria muito mais relacionada ao fogo do que ele.

c) Por último, um argumento a favor de Jon Snow que eu gostaria de mencionar, é o capítulo em que ele sonha que luta com os Outros. Sabemos que alguns sonhos são mais que sonhos em ASOIF, e portanto parece algo que devemos mencionar aqui. Vejamos o trecho:

“Naquela noite, sonhou com selvagens berrando da floresta, avançando com o choro dos berrantes de guerra e o rufar de tambores. Bum BUM bum BUM bum BUM, veio o som, como mil corações em uma única batida. Alguns tinham lanças, alguns tinham arcos e alguns carregavam machados. Outros andavam em carruagens feitas de ossos, puxadas por grupos de cães tão grandes quanto pôneis. Gigantes arrastavam-se pesadamente entre eles, doze metros de altura, com marretas do tamanho de carvalhos. – Permaneçam firmes – Jon Snow exortou. – Vamos mandá-los embora. – Estava no topo da Muralha, sozinho. – Fogo – gritou –, joguem fogo neles –, mas não havia ninguém para prestar atenção.
Todos se foram. Eles me abandonaram.
Flechas incendiárias assobiaram para cima, arrastando línguas de fogo. Irmãos espantalhos caíram, seus mantos negros em chamas. Snow, uma águia gritou, enquanto inimigos escalavam o gelo como aranhas. Jon estava com uma armadura de gelo negro, mas sua lâmina queimava vermelha em seu punho. Conforme os mortos chegavam ao topo da Muralha, ele os enviava para baixo, para morrer novamente. Matou um ancião e um garoto imberbe, um gigante, um homem magro com dentes afiados, uma garota com grossos cabelos vermelhos. Tarde demais, reconheceu Ygritte. Ela se foi tão rápido quanto aparecera.
O mundo se dissolveu em uma névoa vermelha. Jon esfaqueava, fatiava e cortava. Atingiu Donal Noye e tirou as vísceras de Dick Surdo Follard. Qhorin Meia-Mão caiu de joelhos, tentando, em vão, estancar o fluxo de sangue do pescoço.
– Sou o Senhor de Winterfell – Jon gritou. Robb estava diante dele agora, o cabelo molhado com neve derretida. Garralonga cortou sua cabeça fora.”
(‘A Dança dos Dragões’, pov Jon)

Bem, isso pode, de fato, ser um sonho profético, mas também pode não ser. Todas essas coisas citadas já estavam gravadas no subconsciente de Jon, o conflito com os selvagens, com os Outros, as menções de Melisandre à Luminífera e etc. Jon Snow começa matando os selvagens, o que pode representar a traição dele aos selvagens quando escolheu a Patrulha. Mais tarde, porém, ele percebe que os selvagens não são o verdadeiro inimigo e começa a lutar contra os Outros. Ele agora está sozinho porque foi assim que ele ficou ao decidir deixar os selvagens entrar no reino e quando toma a decisão de salvar os que estão em Durolar contra a vontade de seus Irmãos Juramentados. Ele é assombrado pela morte de Ygritte, pois se considera responsável por ela. E quanto ao resto do sonho, uma vez li uma teoria bem coerente de que ele representava como ele iria voltar dos mortos. Bem, Jon está lutando contra os Outros quando, de repente, o mundo se dissolve numa névoa vermelha e então ele está lutando contra seus Irmãos da Patrulha. Seria isso uma representação dos que ele irá matar quando voltar a vida pela sua traição? E quanto a Robb, quando diz que era Senhor de Winterfell e então tem sua cabeça cortada? Bem, Jon sempre desejou Winterfell, mas recusou quando Stannis a ofereceu para ele. Seria um indício de que agora ele a aceitará? Talvez um indício também da suposta carta em que Robb legitima ele e o nomeia seu herdeiro? Bom, não sabemos. Resta esperar. A questão é que, se fosse apenas um sonho profético sobre ele como Azor Ahai, o que ser Azor Ahai tem a ver com matar selvagens, Ygritte e Robb?

Portanto, fica a conclusão de que Jon é, sim, um candidato a Azor Ahai, mas um candidato fraco. Principalmente se comparado a que vem a seguir:

Daenerys Targaryen

Daenerys, entre todos os personagens citados, é a única que cumpre todos os requisitos da profecia para ser o Azor Ahai. Vamos citá-los e analisá-los:

1- Renascer entre fumaça e sal quando a estrela vermelha sangra

Bem, foi mencionado anteriormente que, tanto Aemon, quanto Rhaegar Targaryen, acreditavam que a estrela vermelha fosse um cometa. Esse cometa que foi mencionado primeiramente no livro 1 e depois em praticamente todo o livro 2. Apareceu pouco antes de Daenerys entrar na pira funerária na qual ela queimou Drogo, seu cavalo, a maegi e seus ovos de dragão.

“Jhogo a viu primeiro.
– Ali – disse ele numa voz abafada. Dany olhou e a viu, baixa, no leste. A primeira estrela era um cometa que ardia, vermelho. Vermelho de sangue; vermelho de fogo; a cauda do dragão. Não poderia ter pedido um sinal mais forte.”
(‘A Guerra dos Tronos’, pov Daenerys)

Ela então entra na pira funerária em chamas, acredito que eu não precise explicar a parte da fumaça. As lágrimas de Daenerys, de Mirri Mazz Durr sendo queimada e dos dothraki e Jorah vendo ela entrar nas chamas podem representar o sal, mas o sal poderia também simbolicamente representar o mar. Melisandre havia afirmado que o Azor Ahai nasceria no mar:

“– Quantos garotos vivem em Westeros? Quantas garotas? Quantos homens, quantas mulheres? A escuridão vai devorá-los todos, diz ela. A noite que não tem fim. Fala de profecias… um herói renascido no mar, dragões vivos chocados a partir de pedra morta… ” (‘A Tormenta de Espadas’, pov Davos)

Bem, a pira funerária foi feita no mar dothraki, portanto, Daenerys pode ter cumprido de forma simbólica essa profecia. Ela, portanto, renasceu entre fumaça e sal quando o cometa vermelho estava no céu. Querem uma forma mais clara de cumprir a profecia do que essa?

Vale lembrar que Daenerys nos é apresentada cumprindo a profecia desde antes de nós sabermos da existência de tal. Ela cumpre de forma orgânica e sem parecer forçada. Exatamente como um bom escritor, como o Martin, iria querer que ela fosse cumprida.

Lembrando que quando tudo isso ocorreu o verão mais longo já registrado tinha acabado de chegar ao fim e os Outros tinham voltado a atividade depois de anos desde o primeiro livro. Portanto, Daenerys também se encaixa nessa característica.

2- Acordar os dragões de pedra

Bem, acho que essa dispensa explicações. Daenerys LITERALMENTE acordou dragões de pedra. Ela literalmente colocou ovos que haviam sido transformados em pedras pelos anos, para serem chocados na pira, e disso os dragões nasceram.

“– Ovos de dragão, vindos das Terras das Sombras para lá de Asshai – disse Magíster Illyrio. – As eras os transformaram em pedra, mas ainda possuem uma beleza ardente e brilhante.” (‘A Guerra dos Tronos’, pov Daenerys)

3- Vir da descendência de Aerys II e Rhaella Targaryen

Dispensa explicações. Daenerys é filha deles.

4- Empunhar uma espada chamada Luminífera

Existem teorias que apontam que a Luminífera poderia ser um símbolo para os dragões – afinal de conta eles foram tirados do fogo da pira funerária e tem um grande potencial de combater a escuridão. Não sei se gosto muito dessa teoria, no entanto. Apesar de haver uma base para ela nos livros quando os dragões são referidos como uma espada flamejante.

“Quando seus dragões eram pequenos, eram uma maravilha. Crescidos, são morte e devastação, uma espada flamejante sobre o mundo.” (‘A Dança dos Dragões’, pov Daenerys)

Também existe a teoria de que a Luminífera seria a espada Alvorada, da casa Dayne. Porém isso é assunto para outro momento. De qualquer forma, nenhum personagem que se encaixa nas características de Azor Ahai empunha a Luminífera até o momento caso ela seja uma espada literal, portanto isso não pode ser um fator contra Daenerys. Veremos nos próximos livros o que será feito desse assunto.

5- Fazer um novo mundo

Benerro nos diz que Azor Ahai faria um novo mundo. Daenerys já fez mudanças drásticas na configuração política e social de Essos que afetam não apenas as cidades que conquistou mas também o restante do continente: o Templo Vermelho de R’hllor por exemplo reconhece Daenerys como Azor Ahai e passa a convocar as massas para se juntarem a ela, perturbando os governantes da cidade. A chegada de Daenerys a Westeros provavelmente levará grandes mudanças ao continente também.

“Mas se a Daenerys cumpre tudo assim, ela não seria muito óbvia? Martin não seria tão óbvio!”

Para começar, não há necessidade nenhuma de que o Azor Ahai seja um mistério guardado a sete chaves até o final. Nós estamos falando de uma saga de 7 livros, que já tem 5 publicados. É esperado que essa informação seja revelada e desenvolvida ao longo dos livros de forma coerente, e não que seja uma total bagunça forçada e incoerente no final. Aliás, embora Daenerys seja óbvia, ela o seria por coerência com a obra e por ter cumprido as profecias. Diferente do Jon que o seria de forma forçada e pouco desenvolvida, e seria apenas por ser exatamente o arquétipo messiânico que o Martin não quer na sua obra. Daenerys quebra esse arquétipo completamente: quebra por ser mulher, quebra por não saber segurar um espada (esse argumento inclusive é muito usado para tentar contrariar a ideia dela como Azor Ahai, mas eu vejo de forma contrária. Esse é um fator a favor dela por quebrar o arquétipo de que todo herói tem que necessariamente ser habilidoso com alguma arma ou ter grandes habilidades de luta), quebra por não ter conhecido da ameaça dos Outros até o momento e nem da luta que precisará enfrentar, quebra por, apesar de ser até o momento uma pessoa evidentemente boa e justa, ter traços da personalidade que as vezes a colocam com maus olhos diante dos outros (como a crucificação dos Mestres de Meereen, que fizeram inúmeros leitores a considerarem cruel e acreditarem que ela herdou a loucura Targaryen) e quebra por não ter, desde o início, o altruísmo e o bem da humanidade como grandes objetivos da sua jornada. Seu objetivo bem claro é tomar de volta o que é seu (e não tá errada). Aliás, apesar da profecia obviamente apontar para ela, não está assim tão óbvio porque Martin já implantou o Jon como pista falsa de um modo muito bem sucedido: embora nenhuma parte da profecia (além de vir da descendência de Aerys II e Rhaella) seja cumprida por ele, muitos acham que ele é o Azor Ahai simplesmente pelo arquétipo messiânico que ele apresenta. Portanto, ele pode perfeitamente ser a pista falsa descartada no final sem fazer com que a obra fique incoerente. Diferente da Daenerys.

Por esses motivos, eu acho mais provável que o Jon seja a pista falsa do que a Daenerys. Por motivos de coerência. Acredito que o Martin já levou essa história longe demais ao longo dos 5 livros para, no final, Daenerys simplesmente ser a pista falsa e Jon o Azor Ahai verdadeiro. Seria incoerente pelo simples fato de Daenerys cumprir toda a profecia de forma orgânica e coerente desde o início enquanto o Jon Snow não cumpre nada e seus fãs acreditam que ele é o Azor Ahai simplesmente por um arquétipo que é justamente algo que Martin não gosta e sempre quis quebrar na sua obra.

Um exemplo de como o Martin foi longe com essa história da Daenerys ser o Azor Ahai e que é justamente o que me faz pensar que isso não é uma pista falsa, é que ele faz com que Samwell Tarly e Meistre Aemon parassem em Braavos, e dedica capítulos inteiros a expedição deles, com um único objetivo: fazer Aemon saber que os dragões tinham voltado ao mundo por Daenerys e, com isso, fazer ele concluir que ela era a Princesa Prometida, revelar que a fluidez da língua permitia que a profecia se referisse também a uma mulher e concluir a teoria já anteriormente apresentada de que a volta dos dragões estaria relacionada com o Azor Ahai. Seria coerente que ele fizesse tudo isso para no final ser completamente inútil e se tratar apenas de uma falsa pista? Confio o suficiente na capacidade do Martin como escritor para não acreditar nisso.

“— Ninguém nunca pensou em uma garota, — disse ele. — Foi um príncipe que nos prometeram, não uma princesa. Rhaegar, eu pensei… a fumaça era do fogo que devorou Solarestival no dia de seu nascimento, o sal das lágrima derramadas por aqueles que morreram. Ele compartilhou minha crença quando era jovem, porém depois ele se convenceu de que a profecia se cumpriria em seu filho, pois um cometa foi visto sobre Porto Real no dia do nascimento de Aegon, e Raeghar estava seguro de que a estrela sangrenta havia de ser um cometa. Quão estúpidos fomos! Nos achávamos tão sábios. O erro veio da tradução. Os dragões não são machos nem fêmeas. Eles são agora um e agora o outro, tão mutáveis como as chamas. A linguagem nos enganou por mil anos. Daenerys é a enviada, nascida entre sal e fumaça. Os dragões provaram isto. — Falar de sua família parecia torná-lo mais forte. — Tenho que ir vê-la. Eu devo. Gostaria de ser dez anos mais jovem.” (‘O Festim dos Corvos’, pov Samwell Tarly)

“— Você tem que convencê-los Sam, — disse-lhe. — Aos arquimeistres. Tem que fazer com que entendam. Os homens que viveram na Cidadela enquanto eu estava lá já estão mortos há 50 anos. Estes de agora não me conhecem. Minhas cartas… Em Vilavelha, devem ter lido como delírios de um homem velho, cuja inteligência fugiu. Você tem que convencê-los, Sam, porque eu não posso. Diga-lhes, como é depois da muralha, como são as criaturas, os caminhantes brancos, o frio querasteja.
— Eu vou, — Sam prometeu. — Vou juntar a minha voz à sua, meistre. Nós dois vamos dizer a eles, nós dois juntos.
— Não! Respondeu o velho. Tem que ser você. Diga a eles. A profecia… O sonho do meu irmão… Melisandre interpretou mal os sinais. Stannis… Stannis tem um pouco do sangue de dragão. Seus irmãos fizeram o mesmo. Rhaelle, a filha de Egg… mãe de seu pai… ela costumava me chamar de tio meistre quando era apenas uma garotinha. Lembrei-me que, assimque me permiti ter esperança… talvez eu quisesse… todos nós nos enganamos, quando queríamos acreditar em algo. Melisandre foi a que mais se enganou, esta é a espada errada, ela tem que saber… luz sem calor… um glamour vazio, esta é a espada errada, a luz falsa só pode nos aprofundar ainda mais na escuridão. Sam, Daenerys é a nossa esperança. Diga a todos na Cidadela. Faça-os ouvir. Eles devem a enviar um meistre. Daenerys deve ser aconselhada, ensinada, protegida. Por todos esses anos que se passaram eu fiquei esperando, assistindo, e agora que o tempo chegou, eu estou velho demais. Eu estou morrendo, Sam. — Lágrimas escorreram de seus olhos cegos e brancos. — A morte não deveria assustar a um homem de minha idade, mas tenho medo. Que estupidez, não? Se é sempre tão escuro onde eu estou, por que tenho medo da escuridão? No entanto, eu não posso ajudar, mas me pergunto o que vai acontercer quando o último calor deixar o meu corpo. Será sempre festa no salão dourado do Pai, como diz o septão? Vou falar com Egg novamente, encontrar Dareon inteiro e feliz, ouvir minhas irmãs cantando para seus filhos? E se for verdade o que diz os senhores dos cavalos? Será que passearei pelo céu noturno, eternamente, montado em um garanhão feito de chamas? Ou terei que voltar a este vale de lágrimas? Quem pode dizer, realmente? Quem já atravessou de volta a parede da morte? Apenas as criaturas, e nós sabemos como elas são! Nós sabemos.”
(‘O Festim dos Corvos’, pov Samwell Tarly)


Agradecemos ao pessoal da página do facebook Serpentes da Areia e, claro, ao Matheus Marques, pela teoria e por permitir sua republicação aqui.


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Séries | TV

Crítica | ‘Percy Jackson e os Olimpianos’: uma jornada de altos e baixos na terra dos semideuses

A série do Disney+ inicia com promessas, mas perde o fôlego ao longo da temporada, deixando os fãs divididos sobre sua adaptação do universo de Rick Riordan.

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A série “Percy Jackson e os Olimpianos” começou com uma abertura que prometia honrar a obra de Rick Riordan, especialmente através do seu episódio piloto. Nele, houve uma execução notável tanto na narrativa quanto na dinâmica dos personagens e na composição das cenas. Não é de se surpreender que a crítica tenha inicialmente aprovado a produção com uma taxa de 95%, no entanto, nem tudo acabou sendo um manjar dos deuses para os fãs, que esperavam algo notavelmente melhor do que as péssimas adaptações cinematográficas da Fox.

A série é uma boa adaptação?

Ao adaptar uma obra literária para o formato audiovisual, inevitavelmente surgem escolhas narrativas que moldam a experiência do espectador. Com um elenco mais jovem e a marca Disney, esta versão de Percy Jackson se alinha ao estilo das produções familiares do estúdio. O tom mais leve e infantil visa oferecer uma aventura acessível para crianças, jovens e adultos, o que pode desapontar aqueles que esperavam uma abordagem mais madura.

Navegar nessas expectativas, especialmente em relação à fidelidade da fonte original, é um desafio delicado. A frustração pode aumentar ao perceber que esta adaptação de Percy Jackson não atinge os padrões técnicos esperados da Disney. As escolhas de James Bobin, como os fade-outs para transições entre cenas nos primeiros episódios, podem se tornar cansativas à medida que se repetem ao longo da série, especialmente em momentos que exigiriam mais recursos visuais e CGI.

Declínio narrativo e de montagem

No entanto, ao longo da temporada, a série perdeu seu rumo e falhou em cumprir até mesmo o mínimo esperado. Apesar de ter todos os ingredientes para se tornar uma promessa do streaming, “Percy Jackson e os Olimpianos” falhou em sua execução episódio após episódio. Além dos deslizes ao longo do caminho, a série também pecou ao não apresentar uma única cena de impacto, o que comprometeu a experiência visual de quem esperava grandiosidade.

Orçamento

De acordo com fontes da Variety, o orçamento da série foi estimado entre 12 e 15 milhões de dólares por episódio, embora a Disney não tenha confirmado os valores. É lamentável perceber que, ao invés de investir em cenários cativantes e cenas de ação marcantes, a produção optou por diálogos longos e muitas vezes desnecessários. Talvez a intenção fosse explorar as emoções em meio a arcos corridos, mas isso falhou miseravelmente.

Um elenco dos deuses

Comparada aos filmes de “Percy Jackson”, a série do Disney+ pode ter seus méritos, mas fica para trás em relação ao clímax. No entanto, a produção acertou em alguns aspectos. Além do primeiro episódio, que trouxe uma sensação positiva e promissora, a série acertou na escolha do elenco, especialmente o trio de protagonistas. Walker Scobell, Leah Jeffries e Aryan Simhadri conseguiram cativar o público com suas interpretações carismáticas.

O que esperar do futuro da série?

Apesar dos tropeços, a série “Percy Jackson e os Olimpianos” apresenta uma mistura de acertos e desafios. Embora tenha começado promissora, com um episódio inicial bem executado e um elenco talentoso, a série enfrentou dificuldades em manter a qualidade narrativa e técnica ao longo da temporada. A falta de cenas impactantes e o desgaste de certas escolhas de direção deixaram, nós, espectadores, um pouco insatisfeitos, pela falta de grandiosidade da série. Caso haja uma segunda temporada, como esperado, a produção terá uma nova oportunidade para corrigir o rumo e honrar o universo dos semideuses como ele merece.

Nota: 6,5/10.

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Séries | TV

The Last of Us | HBO renova oficialmente série para uma segunda temporada

Após sucesso da primeira temporada, segundo ano está oficialmente garantido, mas ainda sem data de estreia definida.

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A HBO acaba de anunciar em suas redes sociais que a segunda temporada de The Last of Us está oficialmente confirmada, veja:

 

A emissora, no entanto, não divulgou uma data para o retorno da série, mas presume-se que aconteça em 2024.

Apesar da primeira temporada ainda está no ar, sua precoce renovação se deve muito ao sucesso que a série vem ganhando desde sua estreia, a ponto de ser aclamada como uma das melhores séries da atualidade.

A renovação não chega a ser surpresa, por conta de todo o sucesso que a série tem feito — sendo que ela ainda não teve nem três episódios exibidos. Porém, com essa confirmação tão adiantada, os produtores já podem começar a pensar no próximo ano e os fãs podem ficar tranquilos sabendo que teremos mais de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) em tela.

Ramsey, que interpreta Ellie, recentemente disse em entrevista à BBC que era bem “provável” que a adaptação do jogo de PlayStation ganharia um segundo ano. “Se as pessoas continuarem assistindo, acho que [uma segunda temporada] é bem provável. Depende dos caras da HBO. Não há nada confirmado ainda, então teremos que esperar para ver”.

Agora só nos resta acompanhar os demais episódios da série que ainda promete muitas emoções para a jornada de Joel e Ellie.

The Last of Us tem seus episódios transmitidos semanalmente, todo domingo, às 23h, pela HBO Max ou no HBO channel.

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Críticas

Crítica | Todo Dia a Mesma Noite emociona e clama por justiça

Minissérie em 05 episódios estreia em busca de justiça para as vítimas do incêndio da Boate Kiss.

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10 anos. Uma década já se passou desde que a fatídica noite da tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, aconteceu. O brutal caso do incêndio da Boate Kiss e suas 242 vítimas fatais ainda é muito vivo na memória do brasileiro até hoje.

Tragédia

Madrugada de 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria. Durante 2:30hs, um incêndio ceifou a vida de 242 jovens e feriu mais 636, durante um show do grupo Gurizada Fandangueira. Rapidamente, as investigações apuraram que não foi um acidente comum, e sim, uma violação dos códigos de segurança, causando a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um incêndio.

Este terrível caso se espalhou pela mídia nacional e internacional em questão de horas, e uma década depois a Netflix refresca nossa memória trazendo esta história de volta à tona na minissérie Todo Dia a Mesma Noite, onde esta se baseia no livro homônimo de Daniela Arbex, e segue mostrando os desafios e a incessante luta por justiça das famílias envolvidas.

História

Da apresentação de umas poucas famílias até o momento do ocorrido, o episódio inicial apresenta de maneira brutal como tudo aconteceu na noite da tragedia. Já nos outros episódios seguintes mergulhamos na dor e angustia dessas famílias, lutando por justiça durantes estes 10 anos de sofrimento.

Com uma qualidade impressionante, a produção usa de ótimas atuações para alcançar rapidamente o emocional do espectador, que desde os primeiros momentos sente a apreensão do que está por vir e termina acompanhando com a mesma dor que os personagens estão sentindo. A minissérie nos apresenta uma escolha narrativa interessante ao nos mostrar através de pais desolados pela morte dos filhos o absurdo de um ato tão trágico sair impune.

O roteiro da trama busca uma abordagem mais rápida após o ocorrido de 27 de janeiro, passando por alto por vários detalhes, mas ainda assim não é menos avassaladora. O elenco é bem aproveitado, dando destaque aos atores e atrizes Thelmo Fernandes, Débora Lamm, Paulo Gorgulho, Bianca Byington, Leonardo Medeiros e Bel Kowarick que dão um show de interpretação sempre que aparecem em tela. Exceção apenas do núcleo investigativo, do qual some de tela repentinamente e, principalmente por um deles ser um parente em luto, deixa a sensação que havia mais a ser explorado.

Todo Dia a Mesma Noite abre uma ferida na esperança de que dessa maneira tudo isso possa enfim ser encerrado. As vítimas nunca voltarão à vida e seus familiares nunca irão superar a dor, mas talvez, ao expor as falhas na justiça desse caso, os envolvidos possam finalmente descansar, e assim, outra tragédia ser evitada. “Por Justiça. Por memória. Para que nunca se repita”.

Todo Dia a Mesma Noite está disponível no catálogo da Netflix.

 

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Séries | TV

Wandinha | Série expande o universo de A Família Addams, trazendo uma nova e empolgante perspectiva a estes personagens.

Divertida e macabra, esse novo olhar sobre os Addams tornou-se uma grata surpresa neste final de ano.

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Criada inicialmente como tiras de quadrinhos na década de 1930 pelo cartunista Charles Addams, ao longo dos anos A Família Addams foi conquistando um grande destaque na mídia ao ponto de ganhar adaptações para TV, cinema e teatro. Os maiores sucessos, como é de conhecimento, são os filmes da década de 1990 que tinham Raul Juliá e Anjelica Huston como os intérprete de Goméz e Mortícia. E agora, anos depois, esses personagens estão voltando a se destacar na mídia através do lançamento da série da Netflix: Wandinha.

A trama

A série, que envolve mistério com toques sobrenaturais, acompanha a trajetória de Wandinha Addams (Jenna Ortega) sendo obrigada por seus pais, Gomez (Luis Guzmán) e Mortícia (Catherine Zeta-Jones), a frequentar a Escola Nunca Mais após um novo incidente em seu antigo colégio.

Enquanto se muda para este novo local, que segundo sua família terá pessoas mais parecidas com ela, Wandinha tenta dominar suas habilidades psíquicas, acabar com uma monstruosa onda de assassinatos que aterroriza a cidade e resolver o mistério sobrenatural que envolveu seus pais 25 anos atrás. E claro, além de tudo isso, ela ainda tem que lidar com relacionamentos complicados com seus novos colegas.

Uma nova perspectiva

Contando uma história nova, e tendo obviamente como foco a personagem Wandinha Addams, a série nos entrega diversos elementos interessantes através de detalhes da sua produção. E claro, tudo isso começa justamente pelo fato de que esta abordagem escolhida expande todo o universo conhecido por aqueles que são fãs de A Família Addams.

Ao longo dos 8 episódios da 1ª temporada, a trama nos leva para um reencontro com todos os membros de A Família Addams com muito cuidado e carinho. Suas características são mantidas, o seu humor está presente através de cada uma das cenas, e a protagonista está incrível como sempre, apesar de que nesta versão suas características não são tão psicóticas quanto na personificação de Christina Ricci, na década de 90, nos apresentando uma Wandinha mais inexpressiva do que “louca”.

O roteiro da série é muito bem trabalhado em cima dessas abordagens clássicas envolvendo todos os personagens já conhecidos pelo público, e consegue ainda assim se aprofundar mais em torno dos acontecimentos relacionados a Wandinha Addams.

Sua presença na Escola Nunca Mais é extremamente interessante, com o roteiro sabendo exatamente o que desenvolver na personagem através da sua convivência com novos nomes no local e o grandioso mistério que gira em torno dos seus 8 episódios. E claro, alguns pontos acabam se destacando, sendo os principais deles suas relações com alguns colegas e com outro personagem clássicos, como o Mãozinha.

Vale ainda citar que o roteiro da série soube trabalhar também a introdução destes novos nomes que fazem parte do cotidiano de Wandinha neste novo ambiente, e que foi acompanhado brilhantemente por toda uma estética de figurino, criação de cenário, direção e fotografia para criar uma ambientação mais próxima o possível do que estamos acostumados a ver com A Família Addams.

Bons personagens para um bom elenco

Além de conseguir entregar uma ambientação certeira para este universo, a série Wandinha também conseguiu nos entregar personagens que são extremamente interessantes através das atuações do seu elenco. E tudo isso começa justamente com Jenna Ortega, que parece ter simplesmente nascido para interpretar a filha de Gómez e Mortícia Addams.

Por falar nos seus país, o ator Luis Guzmán e a atriz Catherine Zeta-Jones entregam ao público suas próprias versões destes personagens clássicos de forma muito interessante. No caso de Guzmán, ele é muito mais parecido com o Gómez dos quadrinhos do que com o galanteador de Raúl Julia, enquanto Zeta-Jones bebe claramente nas diversas fontes das suas personagens embora tenha um ar mais dramático. Entretanto, assim como as atuações de Fred Armisen como Tio Chico e Isaac Ordonez como Feioso, eles fazem apenas participações especiais, sem muito tempo para brilharem.

Além de Ortega, o grande destaque de Wandinha gira em torno do elenco jovem. Todos eles, embora interpretando novos personagens, estão realmente muito bons como Lobisomens, Sereias, Vampiros, Metamorfos, e até mesmo Medusas. É realmente uma escolha no melhor estilo Addams, embora a protagonista ainda consiga ser mais estranha que todos ao seu redor.

Os destaques, neste ponto, ficam principalmente com Gwendoline Christie (Game of Thrones, Sandman) como a diretora Larissa Weems, Christina Ricci como Marilyn Thornhill, Joy Sunday como Bianca, e a carismática Emma Myers como Enid.

Vale a pena assistir Wandinha?

Se você é um fã de A Família Addams, e acima de tudo da própria Wandinha, então certamente gostará de acompanhar a nova série da Netflix que conta com o envolvimento direto de Tim Burton. Embora nem tudo seja perfeito, a série ainda assim consegue entregar MUITO mais acertos que erros na trajetória da sua trama.

Acima de qualquer mistério que é desenvolvido através de sua história, os elementos envolvendo os personagens e suas características são realmente o ponto alto deste projeto. E o mais importante: tudo isso é claramente um primeiro passo para o que ainda pode ser aproveitado deste universo, com a complexidade dos seus personagens tendo sido apenas arranhadas em momentos certos ao longo dos episódios.

Afinal, como ela mesmo diz em seu ato final… “Há pontas soltas e perguntas sem respostas. Segredos seguem à espreita pelos cantos sombrios de Jericho… Sei que o suspense está te matando”. – E como Wandinha.

Uma aventura foi apenas iniciada envolvendo todos esses novos personagens, e agora fica entre nós uma vontade ainda maior de acompanhar os seus passos como o stalker que a persegue ao final da temporada, pois muitos mistérios, perigos, amizades, e até possíveis amores estão claramente no caminho de Wandinha Addams pela frente.

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Isto não é um sonho! The Sandman é oficialmente renovada para seu segundo ano pela Netflix

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A Netflix em parceria com a Warner Bros. acaba de confirmar a renovação da segunda temporada de The Sandman na plataforma.

Milhões de espectadores assistiram e amaram ‘Sandman’ na Netflix, desde os fãs dos quadrinhos até aqueles que apenas ficaram curiosos. E todos ficaram obcecados com o Senhor dos Sonhos, sua família e seu universo”, declarou o criador Neil Gaiman. “É um prazer confirmar que eu, a Netflix e a Warner Bros. estão trabalhando para trazer novas histórias à vida. Há aventuras incríveis esperando por Morpheus e os outros personagens… E Lucifer está esperando o retorno de Morpheus ao inferno…

Confira ao anuncio:

Sandman é a criação mais popular de Neil Gaiman e é centrada no ser mítico Sonho, parte de um grupo conhecido como Os Perpétuos ou Os Sem Fim. Como seu nome indica, o protagonista dos quadrinhos reina sobre o mundo dos sonhos. A trama tem início quando ele escapa de seu cativeiro, que durou 70 anos, e encontra seu reino dilapidado nos dias atuais.

O elenco ainda conta com Vivienne Acheapong (Lucienne), Boyd Holbrook (Coríntio), Charles Dance (Roderick Burgess), Asim Chaudhry (Abel), Sanjeev Bhaskar (Cain), Kirby Howell-Baptiste (Morte), Mason Alexander Park (Desejo), Donna Preston (Desespero), Jenna Coleman (Johanna Constantine), Niamh Walsh (Ethel Cripps) e Joely Richardson (Ethel).

Ainda não se sabe quando a segunda temporada deve chegar na plataforma.

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The Last of Us | Série ganha data de estreia na HBO MAX

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The Last of Us, série que irá adpatar o jogo de PlayStation de mesmo nome, ganhou sua data de estreia na HBO Max: 15 de janeiro.

A data foi confirmada nas redes sociais do serviço de streaming, após vazamento na última terça (01). Confira:

Baseado no jogo homônimo, a história se passa 20 anos após a quase extinção da raça humana. É quando Joel (Pedro Pascal) é contratado para levar Ellie (Bela Ramsey) para fora de uma zona de quarentena. Contudo, o que era para ser uma simples missão, acaba se tornando uma jornada brutal de sobrevivência pelos EUA, onde um irá depender do outro para continuarem vivos.

Além de Pedro e Bela, The Last of Us tem no elenco Anna Torv (Fringe), Gabriel Luna (O Exterminador do Futuro), Nico Parker (Dumbo), Nick Offerman (Parks and Recreation), Murray Bartlett (Punho de Ferro) e Storm Reid (Euphoria).

O roteiro tem assinatura de Craig Mazin, de Chernobyl, e Neil Druckmann, roteirista do jogo. Carolyn Strauss e Rose Lam serão produtoras executivas, ao lado de Evan Wells, presidente de desenvolvimento da Naughty Dog. A direção será de Kantemir Balagov, que trabalhará com Jasmila Žbani? e Ali Abbasi.

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Séries | TV

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder | Primeira temporada chega ao fim com saldo positivo

Apesar de arrastada, série chega ao fim com surpresas e escalada épica de encher os olhos.

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Pode ser uma ironia do destino que O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder House of the Dragon tenham estreado na mesma época. A franquia Game of Thrones, de George R.R. Martin, sempre foi comparada à criação de J.R.R. Tolkien e agora temos a oportunidade de comparar os dois produtos lado a lado. A conclusão, enfim, é esperada e lógica: os dois universos são totalmente diferentes e suas abordagens completamente distintas.

As divergências são várias, passando por aspectos técnicos como fotografia e figurino e chegando a questões narrativas. Enquanto House of the Dragon busca a catarse e o retorno imediato, Os Anéis de Poder vai cimentando suas paredes aos poucos, até que apresente uma casa completa no final.

Não é à toa, portanto, que a série da HBO tenha entregado dois ou três clímaxes em nove capítulos, ao passo que a série da Amazon pavimentou sua saga para uma convergência de impacto no final.

Barrigas contemplativas

Desta forma, a ironia é ainda maior quando percebemos que elas dividem o mesmo problema, mas em lados opostos da moeda. House of the Dragon peca pela pressa, pelos saltos temporais que sacrificam momentos e personagens. Já Os Anéis de Poder, por outro lado, falha ao se debruçar por muito tempo em linhas que não desenrolam. Enquanto uma corre e tropeça, a outra caminha e descansa.

Ainda assim, apesar de algumas barrigas, a primeira temporada é um excelente exemplar televisivo. Apesar da inexperiência de seus roteiristas, a série de O Senhor dos Anéis chega a um final coerente, onde cada desdobramento é alicerçado por um sólido desenvolvimento.

Um filme em formato de série

A impressão é a de que o primeiro ano não foi pensado de forma episódica, mas única, como um longo filme.

Uma das provas é a ausência completa de alguns personagens por episódios inteiros. Há alguns rostos importantes, por exemplo, que jamais aparecem no capítulo final. Não se trata, portanto, de um descuido, mas de um planejamento que vai na contramão de muito do que se tem feito na televisão atual.

Assim, Os Anéis de Poder até funciona enquanto maratona, mas é na digestão lenta de seus episódios que o resultado se torna recompensador. É possível abandonar a série na metade e ter uma boa experiência, mas só assistindo a tudo, até o fim, que o projeto realmente decola e se justifica.

Enquanto o texto tenta achar o equilíbrio rítmico, os aspectos técnicos são irretocáveis. Não há série na televisão atualmente que entregue visual tão bem cuidado e exuberante quanto Os Anéis de PoderOs efeitos especiais não só enchem os olhos como são decisivos no enriquecimento da história.

Um visual de milhões!

Quando a série do universo de Tolkien foi anunciada pela Amazon, foi dito que esta seria a série mais cara da história da TV, e não mentiram nisso. É nítido perceber que os US$ 500 milhões gastos nessa primeira temporada foram muito bem gastos.

É nos efeitos, por exemplo, que temos detalhes acerca da influência élfica em Númenor, assim também como no figurino, que por sua vez, temos sugestões acerca da identidade do Estranho.

Assim, a plasticidade de quadros e sequências fica ainda mais evidente e válida graças ao peso e relevância que cada um carrega. Além disso, várias decisões técnicas nos ajudam a relacionar momentos e personagens da série com os dos filmes de Peter Jackson.

Neste sentido, Os Anéis de Poder é notavelmente reverente aos longas vencedores do Oscar. A série sabe que se aproximar dos filmes pode ser benéfico e investe nisso com sensatez e inteligência.

Elenco da Terra-Média

Essa proximidade, entretanto, escancara um pequeno problema da série. Afinal, os personagens que mais funcionam são aqueles que já conhecemos. Se Sauron, Galadriel, o Estranho e os Pés Peludos funcionam tão bem, é porque suas contrapartes cinematográficas já nos encheram olhos e mentes.

Já investimos tantas vezes nestes personagens, que acompanhá-los nesta jornada se torna mais fácil. Neste sentido, gostarmos destes nomes é mais um mérito dos filmes do que da série em si.

É sintomático, então, que personagens novos falhem em se conectar ao público. Grande parte dos membros de Númenor, por exemplo, não funcionam. Isildur, vale apontar, carrega o duro fardo de traidor, de líder incompetente, algo que trazemos vívido na memória graças à trilogia original. Este afastamento e/ou frieza, entretanto, nada tem a ver com elenco, que é competente em sua grande maioria.

Competentes, também, são os diretores, que sabem evocar o espírito da Terra-Média sem jamais soar derivativa. Não há nada de Westeros aqui como podemos ver. Do início ao fim, este é o universo de Tolkien amparado pelos visuais de Peter Jackson. E, mesmo em meio aos erros comuns de estreia, estes são meros detalhes que devem ser trabalhados e melhorados em uma segunda temporada, mas que podem ser relevados agora graças ao ótimo trabalho de construir a Terra-Média que a gente tanto sentia falta. Um resultado que aqueceu o coração de qualquer fã de O Senhor dos Anéis.

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Séries | TV

Agatha: Coven do Caos | Joe Locke de “Heartstopper” entra para o elenco do spin-off

O jovem ator é a mais nova adição de elenco ao spin-off de “WandaVision” no Disney+.

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Conhecido pelo seu papel de Charlie Spring em Heartstopper, Joe Locke entrou para o elenco de Agatha: Coven do Caos, série spin-off de WandaVision. As informações são da Variety.

Como o título da série já indica, a história do programa será focado na personagem Agatha Harkness (Kathryn Hahn), possivelmente após os eventos de WandaVision, onde também iremos descobrir mais sobrre seu passado.

Ainda não sabemos qual papel Locke terá em Agatha: Coven do Caos. O programa também trará de volta Emma Caulfield Ford como Dottie.

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