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Charmed | Primeiras impressões do reboot

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Os que se encantaram com as irmãs Halliwell e o Poder das Três em Charmed (1998-2007) ficaram ao mesmo tempo animados e receosos com seu reboot. Depois de assistir os três primeiros episódios, vai aqui nossa crítica!

Charmed (oficialmente Jovens Bruxas, aqui no Brasil) foi uma série que acompanhava a vida e as aventuras das irmãs Halliwell – Prue, Piper e Phoebe – na tentativa de conciliar suas vidas entre o mundo mortal e o mundo da magia. Profetizadas como as mais poderosas bruxas da existência, contanto com um poder coletivo chamado de Poder das Três, usavam poções e feitiços para destruir demônios, derrotar feiticeiros e salvar o mundo. Tudo isso com uma boa dose de comédia e romance!

Da esquerda para a direita: Piper, Prue e Phoebe Halliwell.

Na quarta temporada, descobrimos também uma quarta irmã: Paige Matthews, fruto de um caso entre a mãe das meninas e seu Luz Branca (termo oficial aqui no Brasil, mas por vezes chamado de anjo ou guardião)! Ao fim da oitava temporada, vemos as bruxas merecendo seu final feliz, encontrando o amor e tendo a nova geração mágica!

Paige Matthews: meia-irmã, meio-anjo e totalmente bruxa!

Mas as Encantadas (The Charmed Ones, no original) não ficariam só por aí. Muitos esperavam que já em 2007 houvesse um spin-off com Billie Jenkins, uma protegida de Paige e aprendiz das irmãs, mas apesar dos produtores terem feito essa insinuação, o projeto nunca aconteceu. Foi só em 2017 que foi anunciada uma nova série, mas sem grandes detalhes. Os fãs começaram a se movimentar e criar teorias: Teria a Fonte de Todos os Males despertado de novo?? Teriam os Avatares voltado ao mundo?? As irmãs lidariam com tudo ou seus filhos seriam os heróis??

Nenhuma dessas possibilidades. O que foi feito com Charmed foi uma verdadeira repaginada. Em tudo! Assim como O Mundo Sombrio de Sabrina, a série não é um remake da original, mas um reboot, um reinício. Foi como se alguém tivesse reescrito toda a história de Charmed, um recomeço. Boa parte dos fãs de cara já se manifestou contra. Quando souberam da ausência das atrizes originais, entraram em polvorosa. No Twitter, a própria Holly Marie Combs (que interpretou Piper Halliwell de forma magistral) se mostrou um tanto descrente e – por que não dizer? – chateada com a ausência do elenco original. Depois, no entanto, pareceu ter pensado melhor (e explodido alguns demônios) e disse que valia dar uma chance e ver como ficaria o trabalho.

No Twitter, Holly Marie Combs (Piper Halliwell) se mostrou até mesmo irritada…

Depois de assistir os três primeiros episódios (já que três é um número tão importante para a série) foi possível começar a avaliar o enredo e a proposta da primeira temporada. Confesso ter assistido o quarto, também enquanto escrevia, de modo que coloquei algumas informações adicionais! São Francisco foi trocada pela cidade fictícia de Hilltown e em vez de termos irmãs com diferentes empregos, temos irmãs ligadas à vida acadêmica e universitária, num tom um tanto quanto mais moderno. E a Fonte de Todos os Males já está à espreita!!

reboot começa com apenas duas irmãs, Mel (Melonie Diaz) e Maggie Vera (Sarah Jeffery), contrapartes de Piper e Phoebe Halliwell, respectivamente. Enquanto Mel é uma ativista, Maggie está mais focada em ser aceita. É nessa diferença que reside sua força, segundo a mãe das meninas.

As novas Encantadas: Mel, Macy e Maggie.

Mel não fica calada. Nunca. É uma verdadeira guerreira social, uma feminista. E uma lésbica que nunca conheceu o que é estar no armário (sua mãe a criou de forma a sempre ter orgulho de si mesma). Por isso, talvez, seja difícil para ela – mais que para as outras – esconder seu legado na bruxaria. Foi a que mais ficou animada com a revelação de ser uma bruxa (em total oposto a Piper, que queria negar a todo custo). Mas, como Piper, sabe ser muito sarcástica. Ambas possuem o dom de “congelar o tempo”, o Estase Temporal. Ainda não se sabe se é realmente o tempo que para ou se, como Piper, ela imobiliza as moléculas ao redor.

Maggie foi a que mais negou a herança bruxa logo no início. “Eu nem gosto de me vestir de bruxa no Halloween!” Talvez essa troca entre ela e Mel tivesse sido proposital. Muito da personalidade de Phoebe se vê nela: é extrovertida e romântica, assim como sua contraparte (eu perdi a conta do número de namorados que Phoebe teve) e foi a primeira aceitar a nova irmã (como aconteceu com Paige); mas também é a “boa menina”, enquanto Phoebe era a rebelde desde criança. Mas a maior diferença entre elas seja seu dom. Maggie tem o dom da Telepatia em vez da Premonição de Phoebe.

Mel e Maggie são as contrapartes de Piper e Phoebe.

Marisol Vera (Valerie Cruz) bloqueou os poderes das filhas na infância para lhes dar uma chance de uma vida normal, sem demônios e feiticeiros a cada canto, de forma muito similar ao que Penny Halliwell, avó das Encantadas originais, havia feito. E, da mesma forma que Patty, é morta por um demônio. Marisol é uma amálgama de Penny e Patty, mas com o dom da Profecia. Criou as meninas com mente aberta, sem preconceitos ou barreiras de nenhum tipo.

Três meses depois surge uma terceira irmã, Macy Vaughn (Madeleine Mantock), contraparte de Prue Halliwell e Paige Matthews. Uma geneticista que conseguiu emprego na Universidade de Hilltown e mudou-se para lá. Aparentemente, cada cidade pequena da ficção possui sua própria universidade. Diferente das irmãs muito levadas pela emoção, Macy é racional, planejadora e de pensamento rápido. Logo no primeiro episódio ela é elogiada por seu alto QI. Quando aceita a bruxaria, diz que vai estudá-la a nível molecular e ganhar um prêmio Nobel! Assim como Prue, ela é a mais velha das irmãs e conhece latim. Como Paige, ela é uma meia-irmã e não foi criada por sua mãe, mas por seu pai. Todas possuem o dom da Telecinese (embora o de Paige fosse alterado por ser uma mistura entre seres celestiais e humanos).

Macy Vaughn, inspirada em Prue e Paige!

O Luz Branca (por que eles não conseguem trocar esse termo horroroso?) das meninas não é mais Leo Wyatt, mas sua contraparte é o inglês Harry Greenwood (Rupert Evans). Existe também um certo paralelo entre Harry e Chris Halliwell, o filho de Piper e Leo, que também possuía telecinese. É mais ligado em regras, normas e protocolos como um verdadeiro britânico, mas aprende a confiar nas meninas no decorrer dos episódios. Apesar de manter-se como guia (não só no que diz respeito à parte mágica), também não é um mero mentor, mas entra de frente num combate e pode destruir demônios ele mesmo. Aparentemente os Luzes Brancas nessa série são mais combativos que os originais.

Harry Greenwood faz as vezes de Leo Wyatt.

Outra diferença entre as séries é a do Conselho de Anciões. Enquanto originalmente eram Luzes Brancas de alta patente, aqui são bruxos e bruxas seniores, com “múltiplos poderes” segundo Harry. Uma delas aparece na série e era uma bruxa, amiga de Marisol, antes de ascender ao Conselho. Além disso, vivem no mundo mortal em vez do Paraíso. Essa diferença talvez seja explicada mais tarde ou talvez seja uma intertextualidade com os quadrinhos, onde Piper funda o Conselho das Bruxas para ficar independente dos Anciões e decidir elas mesmas o próprio destino.

E, enquanto as irmãs Vera são hispânicas, Macy é afro-americana. Esse talvez seja um toque que não havia na série original: a diversidade no elenco e na caracterização dos personagens. Além disso, há uma pegada mais feminista (principalmente na figura de Mel), mais forte que na primeira série. O reboot aumentou ainda mais a figura da independência feminina, principalmente com Harry sendo muito mais guia e mais cheio de regras que Leo… Leo quebrou as regras ao se casar com Piper, então não há muito o que discutir nesse ponto. Harry se mantém dentro das regras e da tecnicalidade para encontrar saídas, enquanto Leo as desafiava.

Os efeitos são, sem dúvida, interessantes!

 Há claramente uma pegada mais millenial em Charmed. Ainda que os feitiços sejam em latim em vez de inglês (um agrado aos fãs que adoram magia em línguas antigas), a modernidade está permeando a magia. As irmãs anotam feitiços em celulares, usam selfies para ajudar a banir demônios e levam resíduos mágicos para serem analisados em laboratório. Nunca havia acontecido, no original, das irmãs terem banido um demônio possessor com soda cáustica porque reagia aos compostos moleculares! E nunca vimos uma Anciã andar de elevador enquanto falava ao celular sobre sua empresa!

No geral, o reboot fica com uma nota de 3,7 em 5. Não é ruim, mas ainda levanta muitas questões. É preciso esperar para ver como a série se desenvolve para uma opinião mais elaborada. Para os fãs originais que estão torcendo o nariz, deem uma chance e venham com a mente aberta. Lembrem-se: não é um remake, é um reboot. Um recomeço, não uma refilmagem.

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