Finalmente, após uma longa espera dos fãs da DC, o Renascimento (Rebirth) chegou ao Brasil, trazido pela Panini Comics.
Antes de mais nada, é necessário deixar uma coisa bem clara:
O Renascimento DC não é um reboot. As histórias não zeraram. O que esse momento marca é a volta da editora ao seu conceito mais forte, o de Legado de seus personagens, a busca pelo conceito principal deles e, assim, seguir em frente. Os Novos 52 são a base inicial aqui e os personagens, em sua maioria, continuarão de lá. Porém a DC voltará às suas raízes a partir deste ponto.
Arte de Ivan Reis, Joe Prado e Alex Sinclair
Essa volta às raízes é muito bem marcada nessa edição porque o roteirista e condutor do universo DC pela última década, Geoff Johns, traz de volta um dos personagens mais queridos da editora por muitos fãs: Wally West.
Pros mais novos, e também pra relembrar, Wally surgiu como Kid Flash, o companheiro mirim do segundo Flash, Barry Allen, e uniu-se ao Novos Titãs por muitos anos na Era de Prata. Com a morte de Barry Allen durante a Crise nas Infinitas Terras, Wally assume o legado de seu tio e torna-se o terceiro Flash. Wally é, pra muitos fãs (este que vos fala, incluso), a versão predileta do personagem velocista. Escritores como Mark Waid e o próprio Geoff Johns conseguiram estabelecer o Wally como um personagem que entendeu, honrou e manteve vivo o legado dos velocistas, e até mesmo superou seu antecessor. Wally foi um dos poucos personagens que desapareceram durante os Novos 52 e os fãs reclamaram bastante disso.
Arte de Ethan Van Sciver
A edição mostra como Wally volta ao mundo atual da DC. Divido em quatro partes, Wally tenta contatar algumas pessoas chave pra tentar criar uma conexão com o mundo dos Novos 52. Assim, temos personagens como Batman representando a eterna busca e pesquisa e que poderia ajudaria Wally, mas mostra-se infrutífera.
Vagando através da Força de Aceleração, onde ele esteve durante todo esse tempo, desde o inicio dos Novos 52, Wally conta sua história onde explica que no momento após o Ponto de Ignição (ver a minissérie homônima) a história de todo o universo DC teve DEZ ANOS roubados por alguém ou alguma entidade, e que, com isso, laços pessoais e momentos das vidas de todos os personagens desapareceram e os Novos 52 foram criados.
Wally segue surgindo em vários pontos, como no capítulo 2, onde encontra o idoso John Thunder, ou o Johnny Trovoada, detentor do gênio Trovoada e aqui mostrando pistas sobra a equipe perdida desde o começo dos Novos 52, a Sociedade da Justiça. Nesse capítulo também é mostrado o legado dentro desse universo, com a apresentação de Ryan Choi e seus laços com o herói Átomo e também Jaime Reyes, o atual Besouro Azul ao lado de Ted Kord, dono das industrias Kord e que, no antigo universo DC, era o Besouro Azul. Também nos é mostrado que a Satúrnia, membro fundadora da Legião dos Super-Heróis, também está perdida em nossa realidade. Não é de estranhar que Johns tenha mostrado ambas as equipes aqui e que tenha deixado pistas sobre ambas. Ele é muito fã das duas e essas equipes foram praticamente esquecidas dentro do UDC, mesmo a Legião tendo feito parte do início dos Novos 52.
Arte de Gary Frank
Chegando ao terceiro capítulo, nos é mostrado os laços amorosos de alguns personagens, como Aquaman e Mera, o do Superman clássico (sim, explicarei esse detalhe nos reviews de Superman e Action Comics, continue acompanhando 😉 ) com sua família, Lois e Jon, e como eles estão lidando com a morte do Superman N52. Além disso, nos lembram dos laços perdidos nos 10 anos roubados, como o do Arqueiro Verde com a Canário Negro, e Wally relembra seu maior laço de amor, Linda Park. Porém, ao tentar contatar a Linda do UN52, Wally descobre que esse laço não existe mais. Não pra ela.
Em seus últimos momentos, pois Wally sente que a Força de Aceleração o está sugando de volta, e também desiludido por não sentir-se conectado com os Novos 52 (uma bela metáfora aos fãs antigos que, por um bom tempo sentiram-se fora desse novo UDC), o Flash perdido decide ir em busca de seu mentor, Barry Allen. Ao encontrar-se com Barry, Wally começa a se despedir e, no momento mais emocional da edição, Barry reconhece Wally e o retira da Força de Aceleração, trazendo-o para o mundo atual. Wally então explica a Barry sobre as mudanças e deixa claro que todos nesse universo estão sendo observados.
Ao fim desse quarto capítulo Batman encontra, preso na Batcaverna, onde um raio caiu durante a aparição de Wally, o button do Comediante, personagem da HQ Watchmen.
Arte de Phil Jimenez
Em seu epilogo a edição mostra que a entidade que os observa, e que talvez seja o autor do roubo temporal e da mudança do UDC, é o Dr. Manhattan, de Watchmen e, com isso, introduz Watchmen na cronologia atual da editora.
Arte de Gary Frank
Essa edição é um bom ponto de partida pra quem quer voltar aos quadrinho do Universo DC. Apresenta o status atual da editora, com a revelação de que há 3 Coringas atualmente no UDC, que a Mulher-Maravilha tem um irmão gêmeo bastardo (ver Liga da Justiça: A Guerra de Darkside), e que a morte de Pandora marca o fim dos Novos 52, devido essa personagem marcar o início daquele momento. Além dos mistérios do retorno do Superman clássico e também de como Wally West e Barry Allen lidarão com o retorno do antigo Kid Flash e, acima de tudo, quando os personagens do Universo DC se chocarão com os de Watchmen.
Na arte, temos artistas renomados da editora e que já são companheiros do Johns em seu diversos trabalhos como Ethan Van Sciver (cap. 01) , Gary Frank (prólogo, cap. 02 e epílogo), os brasileiros Ivan Reis e Joe Prado (cap.03) e Phil Jimenez (cap.04). Cada um empresta o seu melhor e suas participações encaixam muito bem, com Van Sciver fazendo um Batman excelente, Frank mandando bem com a variedade de personagens existente no legado. Reis e Prado com todo o apuro de cenas de multidões e Jimenez trazendo muita emoção nos momentos certo e evocando o clássico com seu estilo. Esse quinteto representa bem todo o melhor da arte da editora neste momento.
A edição da Panini vem com um prefácio de Diane Nelson, um posfácio de Geoff Johns e diversos textos explicativos sobre cada linha do Universo DC no Renascimento, para ajudar o leitor a situar-se tranquilamente e como preview do que virá.
Arte de Ivan Reis e Joe Prado
Universo DC Renascimento é uma edição caprichada da Panini Comics. Um bom momento para novos leitores chegarem ao Universo DC, para aqueles que se afastaram voltarem e celebrarem o heroísmo e legado desta, uma de suas marcas registradas. A edição traz o espirito da editora de volta, algo que estava perdido durante os Novos 52 e, assim, seguindo em frente. Uma carta de amor de Geoff Johns pra DC Comics.
Nascido em Fortaleza, trabalha profissionalmente com quadrinhos e ilustração desde 2005, quando começou a vender seus trabalhos pela Internet em sites de vendas como o E-Bay. Trabalhou para editoras norte-americanas, ministrou aulas de desenho e quadrinhos, e vem participando de diversos eventos nos Artists’ Alleys e em painéis sobre cultura pop, quadrinhos e artigos/notícias para o site do Dínamo Studios, do artista Daniel HDR.