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RPG | Vampiros Ingleses, Pistolas a Laser ou Espadas Mágicas. O que jogar?

Publicado há
8 anos atrásem
Como decidir em que cenário jogar? Qual o melhor sistema? Eu tenho de jogar de elfo mago ou posso fazer uma Jedi mirialana?
Quando penso em RPG a primeira coisa que me vêm à mente é o clássico cenário fantástico medieval. De fato, o tão aclamado “primeiro RPG do mundo”, Dungeons & Dragons, é exatamente esse tipo de cenário. Seu nome, “masmorras e dragões”, representa com muita propriedade o tipo de aventura mais comum e simples: um grupo de aventureiros que explora masmorras em busca de tesouros e derrota o dragão em seu covil. Mas, existem outras aventuras? Qual o limite pra um jogo de RPG?
Muitas vezes a gente pensa em RPG como uma reunião de nerds onde um deles é um elfo que tem birra com o anão do grupo (tal qual Legolas e Gimli em O Senhor dos Anéis). Tudo isso num cenário parecido com o que a gente tinha na Europa durante a Idade Média acrescido de forças misteriosas que uns poucos entendem e menos ainda conseguem controlar. Mas quem disse que só se pode jogar de anão, elfo, humano ou halfling (o termo RPGístico para os amados hobbits de Tolkien) num mundo mágico?
Tudo bem que a influência de D&D e de cenários como O Senhor dos Anéis é extremamente forte, mas, em sua essência, o RPG é um jogo de interpretação de papéis. E você precisa interpretar bem seu personagem, saber o que ele consegue fazer dentro do mundo de jogo e se divertir. Não importa em qual universo você está, se está se divertindo, está jogando RPG da maneira certa. RPG, eu costumo dizer, não tem limites. Ele pode fluir entre os mais diversos cenários e sistemas e ainda assim ser divertido.
Qual o limite pra um jogo de RPG?
RPG não tem limites.
Existem aqueles que seguem bem o cenário medieval mágico como Tormenta RPG, com seus elfos, magos, anões e dragões coexistindo numa sociedade cheia de magia (amém, Wynna!) e intrigas, um mundo de problemas feito para aventureiros. Outros preferiram se inspirar na batalha contra (ou a favor) do lado negro da Força, como Fronteira do Império, que traz todo o cenário galáctico de Star Wars para as mesas de jogo (se alguém tiver a ficha do Yoda, por favor, me envie). Alguns, ainda, focam nas lendas mais difundidas para trazer lobisomens, magos e vampiros para a Idade Moderna, como é o caso de Vampiro: A Máscara, Mago: a Ascensão e Lobisomem: O Apocalipse do cenário punk-gótico de Mundo das Trevas. Outros nos transportam para a Grécia antiga, como o Tragoedia RPG, onde até o próprio termo para o mestre ou narrador, corifeu, é levado para a Antiguidade (e devo dizer que o Livro do Corifeu dá ideias incríveis pra criação aleatória de aventuras).
Mas qual é o melhor cenário? Qual o melhor sistema? Vamos com calma.
Primeiro, não existe um “melhor cenário”, existe um cenário que agrada mais um e outro. Não é nenhum segredo que o meu cenário favorito é Tormenta. É o que mais me agrada, e eu diria “melhor cenário”. Sim, para mim. Um dos meus melhores amigos simplesmente detesta o cenário (ainda não sei onde eu errei, mas converterei esse herege) e ama o Mundo das Trevas. Em termos de cenário não há muito o que falar. É realmente uma questão de ver aquele que mais agrada seu grupo. Tudo se resolve na conversa, num consenso. Às vezes, vocês podem variar. Joguem uma campanha em Tormenta e a seguinte no Mundo das Trevas, pra depois partir pra Fronteira do Império! Ou, melhor ainda, crie seu próprio cenário! Já tive experiências magníficas em jogos com cenários criados por amigos ou amigos de amigos. Eu mesmo desenvolvo um cenário e a sensação é maravilhosa.
E o melhor sistema? Mais uma vez eu venho com a mesma frase: é aquele que agrada mais você e/ou seu grupo. Entretanto, existem alguns pontos a considerar. Ainda que todo sistema possa ser virtualmente aplicado a qualquer cenário, alguns são mais adequados a um ou a outro dependendo do tipo de jogo. Para um jogo mais narrativo e interpretativo, sem tantas rolagens de dados, é interessante optar pelo Storyteller ou Ars Magica, cujo foco é justamente esse, sendo mais abstrato em relação a números e estatísticas (inclusive, espero muito jogar um bom Storyteller, tô precisando). Se há um combate à vista, Fronteira do Império e D20 podem ser seus maiores aliados, com uma mecânica de jogo mais concisa e detalhada para as diferentes situações. Para um jogo inspirado em animes, eu recomendo fortemente 3D&T, que, sendo mais simples, também permite os feitos épicos e escandalosos das animações japonesas com apenas um tipo de dado: o dado comum de seis faces. Só não se esqueça que a decisão final é do seu grupo, o que melhor se adéqua a vocês (muitos iniciantes preferem os sistemas simples, independente do cenário).
Há ainda a possibilidade de criar um sistema. Embora possa ser uma tarefa difícil (quanto mais detalhado, mais complexo de ser criado e balanceado), é extremamente prazeroso. Mesmo um sistema “fechado”, ou seja, aquele já todo definido em seus livros básicos e suplementos, pode ser alterado ou adaptado. É muito comum que RPGistas alterem regras para estarem mais de acordo com sua mesa (as house rules ou regras da casa) e adaptem personagens de diferentes cenários e sistemas para outro bastante diferente (serei eternamente apaixonado pela minha versão artoniana da Miss Fortune, de League of Legends).
No fim das contas, não há um melhor cenário ou sistema. Há uma miríade de excelentes cenários e sistemas (e outros que apenas não agradam tanta gente ou são pouco conhecidos, mas que não são necessariamente “ruins”). Todos possuem seus pontos positivos e negativos e se adequam mais ou menos ao seu estilo de jogo. E todos são capazes de divertir um grupo por campanhas e mais campanhas. Encontre um cenário que lhe agrade, ou crie um e um sistema que se adeque. Ou crie um! O RPG não tem limites que não sejam os de sua imaginação.
Normalmente descrito como um humano meio-abissal, Bardo 2/Mago 5/Universitário 6, Caótico e Trevoso.