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Pantera Negra | Crítica (Sem Spoilers)

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Pantera Negra (Black Panther), finalmente ganha o seu filme solo pelo Marvel Studios. O personagem surgiu em 1966, em Fantastic Four #51. Criado por Stan Lee e Jack Kirby, o soberano de Wakanda, uma nação africana que mistura as tradições culturais e políticas das tribos da região com a mais alta tecnologia. Sempre transitando como coadjuvante nos Vingadores e tendo aclamadas fases em minisséries e revistas mensais, o personagem entrou no MCU em ‘Capitão América: Guerra Civil’ (2016) e agora tem que defender Wakanda não somente como o seu maior herói, mas também também como o seu soberano governante.

O diretor e também escritor, Ryan Coogler, ao lado de Joe Robert Cole, deu vida a uma das mais sérias histórias dentro do MCU. O roteiro sabe como conduzir a sua trama de forma segura, sem menosprezar o seu espectador e sem diminuir o tom em busca de uma aceitação maior do seu público. O filme usa o seu tempo para apresentar muito bem Wakanda e toda a sua organização. Constrói muito bem as tribos, suas particularidades e como Wakanda vê o restante do mundo e vice-versa.  O roteiro também explora as relações da família real de forma muito eficaz, mostrando muito bem que há uma relação amorosa familiar muito maior que as formalidades da realeza. É muito bem-vindo ver o filme abraçar e tocar em pontos modernos: como a posição da população negra ao redor do mundo, os refugiados e a, ainda presente, pobreza existente no continente africano, pondo até mesmo o protagonista e o seu governo em cheque ante tais problemas, sem em nenhum momento sequer esquecer que o filme precisa ser um espetáculo.

O design de produção assinado por Hannah Beachler é primoroso. Todas as tribos de Wakanda tem vida e personalidade. Indo dos cenários magníficos dentro do castelo real, da arquitetura futuro-tribal aos uniformes tecnológicos, frutos do trabalho fenomenal do Ryan Meinerding.  O trabalho de figurino de Ruth Carter já entra como forte indicado para o próximo Oscar. Tudo isso belamente apresentado em tela pela fotografia de Rachel Morrison.

O elenco, encabeçado pelo excelente Chadwick Boseman, brilha como poucos. Boseman continuou o seu já grande trabalho mostrado em ‘Capitão América: Guerra Civil’ e, aqui, ganhando mais segurança na voz e na postura, e o trabalho físico nas lutas também melhorou. Ele não treme em momento algum ao lado de atores consagrados como Forest Whitaker, no papel do Zuri, o conselheiro e amigo de T’Challa. Angela Bastet mantém a aura de mãe e rainha que Ramonda precisa. Shuri é a pura alegria encarnada em Letitia Wright. Okoye, de Danai Gurira, é a pura força na General da Dora Milaje e Lupita Nyong’o acerta com uma Nakia forte e companheira. Os membros das tribos são muito posicionados na trama com  Daniel Kaluya e Winston Duke fazendo W’baki e M’Baki respectivamente. Martin Freeman está muito bem como o simpático e eficiente Agente Ross e completamente alucinado e insano, e Andy Serkis brilha como o amoral Ulisses Klaue. Agora o que considero ser o maior acerto do filme, temos Erik Killmonger, vivido por Michael B. Jordan, um mercenário que leva o conflito ao Pantera Negra à níveis pessoais e que vem trazer algo que faltava há muito tempo dentro do MCU: um antagonista crível e com um motivo muito válido para sua luta. Isso já o coloca em um nível diferente da maioria dos vilões já mostrados pela Marvel, somado com a visceral e sincera atuação de Jordan, Killmonger já sobe aos lugares mais altos de antagonistas do ano.

A trilha sonora assinada por Kendrick Lamar e Ludiwig Göransson é um petardo. Acerta em ir dos tribais ao technos. Abraça o Rap como poucas e tem aquela personalidade para os personagens, como sempre tocar Rap quando um determinado personagem aparece. Tudo na trilha tem ritmo e ginga.

Mesmo com os muitos acertos, o filme tem seus problemas. Há momentos em que a edição de Debbie Berman e Michael P. Shawver fica simplória e sem elegância, principalmente no primeiro ato. Como o roteiro escolhe em ser mais intimista e dramático, o filme perde ritmo no segundo ato, que se estende mais do que deveria. Como Wakanda, e muito do filme, é dependente de CGI, os resultados no filme são oscilantes. De naves e cenários muito detalhados à lutas pífias de bonecos de videogame no escuro para esconder falhas do CG e, sim, as cenas de luta em sua maioria são OK, funcionam, mas pecam por, em certos momentos, tornarem-se uma bagunça visual. Há alguns pontos dentro da trama que me incomodaram, mas estão no campo dos spoilers.

Pantera Negra é um filme acima da média do Marvel Studios e muito eficiente. Acerta em construir muito bem seu cenário e personagens, com pinceladas políticas e sociais pertinentes, mas que não se esquece de ser um espetáculo blockbuster e, com isso, também apresenta problemas. Ryan Coogler, ao lado de um elenco impecável, mostra que quando o estúdio deixa um autor trabalhar, consegue se criar uma obra única e que tem tudo para reverberar por muitos anos a frente, e já entra no seleto grupo de grandes filmes do estúdio.

Pantera Negra
  • Direção
  • Fotografia
  • Elenco
  • Roteiro
4

Resumo

Pantera Negra é um filme acima da média do Marvel Studios e muito eficiente.”

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