O Melhor Verão das Nossas Vidas está chegando aos cinemas no dia 23 de janeiro, e eu bem que gostaria que esse filme fosse bom, mas ele não é. Entretanto, é preciso entender a função que obras assim tem no nosso mercado e analisá-la de forma honesta e sincera, afinal de contas, o maior respeito do crítico para com qualquer obra é avaliá-la de forma profissional.
Três melhores amigas são aprovadas para participar da final de um famoso festival de música. Porém, elas descobrem que estão de recuperação na escola e precisam arranjar uma maneira de comparecer ao festival em Guarujá sem que seus pais descubram.
Sim, esse filme é uma peça promocional gigante para levar as BFF Girls para públicos novos, agradar suas fãs e mostrar o produto musical que elas são.
Ai você se pergunta: Quem são essas BFF Girls?
Bia Torres, Giulia Nassa e Laura Castro formaram a Girl Group BFF Girls em 2017. Assim como tivemos as Spice Girls nos anos 1990 e o Rouge nos anos 2000. As três meninas são um trio de música pop, com um álbum produzido (Nossa Vibe) e um aditivo poderoso nos dias de hoje: perfis pessoais em redes sociais, com cada uma das três tendo números absurdos de seguidores (na casa dos milhões).
Tendo em mente o produto que tem em mãos, o diretor estreante Adolpho Knauth e todos os promotores de marketing possíveis das três meninas planejaram para que tudo o que ocorre em tela seja milimetricamente calculado para atingir o seu público alvo. Adolpho traz a sua experiência oriunda da publicidade, e é notório ver que cada cena do filme tem uma cara especifica de peças publicitárias. Propaganda de carro, propaganda de margarina, propaganda de cerveja, propaganda de protetor solar… Está tudo lá. Com os ângulos e filtros necessários para passar o feeling exato que cada momento pede.
O texto do Cadu Pereiva até mantém a estrutura básica de atos, mas é fraco como uma novela ruim do SBT ou Record. O trabalho de edição desse filme tem tantos cortes que faria o Michael Bay mandar um: “Calma aí, chapa!”. É algo irritante quando uma cena de abrir uma porta tem tantos cortes que parecem um ataque epilético na tela e essa edição ultra nervosa prejudicou demais a narrativa e algumas atuações.
Atuações essas que apenas vemos no Mauricio Meireles, que até se esforça e faz bem o seu papel, mesmo sabotado pela já citada edição corta-corta (a cena dele abrindo uma porta travada é hedionda devido o excesso de cortes e isso prejudicou uma clara piada visual dele). O restante do elenco vai do competente ao exagerado (sim, Carioca, eu estou olhando para você!).
Sobre o trio principal, o carisma natural delas sustenta o filme. Como as BFF Gilrs interpretam a “elas mesmas”, com o acerto de não ter dado à elas “personagens”, faz com que a química natural do trio funcionasse em cena. E posso apostar que muito do que vemos de atuação do grupo em cena vem de muita improvisação com um fio básico da trama passado para elas.
O Melhor Verão das Nossas Vidas é um “Filme da Xuxa” trazido para os dias de hoje. É a forma plena do enlatado feito por agências publicitárias para agradar o grande público. Fará sucesso, sim, mas não deixará de ser um filme medíocre por isso.