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O Justiceiro: 1ª Temporada | Review (Sem Spoilers)

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O Justiceiro, a nova série da parceria Marvel Studios e Netflix, chegou no canal de streaming no último dia 17 de novembro e após a já habitual maratona episódios, é hora falarmos sobre a primeira temporada.

Após os fatos ocorridos na segunda temporada de Demolidor, Frank Castle (Jon Bernthal) continua a sua caçada aos culpados de terem assassinado a sua família e, durante essas ações, acaba descobrindo uma pista de algo maior que estava por trás do massacre no Central Park e que pode atingir tanto a diversas agências de segurança americana quanto trazer de volta uma parte do passado que Castle quer deixar para trás.

Sob a batuta do produtor e autor desse projeto, Steve Lightfoot, da aclamada série Hannibal, os 13 episódios da série abrangem o tema principal de Castle e conseguem abordar diversos temas pertinentes à realidade de um personagem como o Justiceiro, como veteranos de guerra e seus traumas, seu lugar na sociedade, posse de armas e direito de defesa do cidadão, o controle e moral de agências como a CIA, A Segurança Nacional (Homeland), forças militares governamentais e privadas e as ações que essas agências fazem, e, acima de tudo, como todas essas situações abrangem e afetam Frank Castle. Há MUITA VIOLÊNCIA na série, arrisco dizer que O Justiceiro é a série mais graficamente violenta da Marvel, porque a violência é uma característica inerente do personagem mas, sabiamente, os criadores não pautam a série apenas nessa característica e, assim, evitam a escatologia, o que faria a série se tornar um pastiche caricato da violência real.

Os diversos personagens que circulam ao redor do Castle engrandecem  a trama, como Micro (Ebon Moss-Bachrach), que busca Frank para ajudá-lo em sua situação de pária de sua própria família, que é mostrada muito bem na trama, tendo Sarah (Jaime Ray Newman) e os filhos Zach e Leo (Kobi Frumer e Ripley Sobo) um importante papel na trama. Os agentes da Segurança Nacional: Dinah Madani (Amber Rose Revah),que acaba de voltar para Nova Iorque devido à morte de seu parceiro em Kandahar, no Afeganistão e Sam Stein (Michael Nathanson), que acaba tornando-se o novo parceiro de Dinah. Court (Jason R. Moore), um ex-colega de pelotão de Frank cuida do encontro dos veteranos, onde temos opiniões extremadas vindas de O´Connor (Delaney Williams), um veterano do Vietnam, e as inseguranças de Lewis (Daniel Webber), recém-retornado das missões no Oriente Médio. Também temos Billy Russo (Ben Barnes), ex-combatente que conseguiu montar a Anvil, uma empresa de segurança e ações táticas privadas. Karen Page (Deborah Ann Woll) retorna mais uma vez, como laço jornalístico da trama e o misterioso Agente Orange (Paul Schulze), o individuo do alto escalão que liderava Frank nas missões externas nos tempos da guerra, aqui atualizadas para o período recente de combates no Oriente Médio.

Acima de tudo isso, a série foca bastante na psique e nos dramas de Frank Castle. Castle é, sim, uma máquina assassina, porém é muito bem-vindo ver os detalhes que humanizam o homem, que o tornam um personagem interessante devido as suas escolhas e posturas, e como ele lida com seu trauma constante de perda familiar e suas lembranças com a esposa, Maria Castle (Kelli Barrett) e os filhos Frank Jr. e Lisa (Aidan Pierce Brennan e Nicolette Pierinie nesse ponto a construção do personagem acerta perfeitamente.

Com um total de 13 episódios, a série tem os maiores tempos de duração das séries Marvel/Netflix, tendo uma média de tempo de 50mins-57mins por capitulo, e isso vai exigir um pouco dos espectadores menos pacientes. Entretanto esse tempo maior fez bem à série porque cada momento apresentado conta e reforça nessa construção narrativa, a hora que as coisas explodem na sua cara. E aqui é excelente ver como os escritores sempre colocam em cada episódio momentos cruciais e de catarse, sempre desafiando os personagens e criando um senso real de perigo, algo necessário para os temas abordados na história.

Em suas características técnicas a série é extremamente apurada, apresentando uma trilha que se estabelece no country, fugindo de temas modernos e dando um ar de faroeste aos momentos onde ela entra. Usando uma paleta de cores simples de amarelo e azul, a fotografia sabe explorar bem as locações de Nova Iorque. Outro grande destaque são os tiroteios e os combates corpo-a-corpo que, sempre bem coreografados, acertam na visceralidade, em destaque a luta final que consegue ser a melhor de todas as séries da Marvel por, em momento algum, fazer concessões e ser perfeita na sua técnica e na sua mensagem.

O Justiceiro é a melhor obra do Marvel Studios esse ano. Tecnicamente impecável e contando muito mais que uma história básica de assassinos, a série solo do personagem é ousada e corajosa em saber fugir da própria fórmula criada dentro desse universo, e também por cutucar temas atuais sem medo e sem meio-termos e, acima de tudo, mostrar como a tristeza de um homem pode mudar tudo ao seu redor, porque é esse o maior sentimento de Frank Castle e é a forma como ele mais se relaciona com o próximo e assim, humanizando o personagem e entregando uma obra de alta qualidade.

O Justiceiro - Primeira Temporada
  • Diretor
  • Elenco
  • Fotografia
  • Roteiro
5

Resumo

” – O Justiceiro é a melhor obra do Marvel Studios esse ano.”

 

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