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My Policeman | Romance comove com uma história trágica e proibida, porém morna

Filme apresenta triângulo amoroso sem grandes surpresas, mas com emoções entediantes.

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Em meio a cenas dramáticas e carregadas de emoção que “My Policeman” nos apresenta um triângulo amoroso formado por uma professora, seu marido policial e um artista amigo do casal. Baseado na obra literária de mesmo nome, da autora Bethan Roberts, o longa metragem chega ao Amazon Prime nesta sexta-feira, 4 de novembro, como boa opção para quem deseja um melodrama de época para o final de semana.

Vindo de uma última experiência cinematográfica conturbada e polêmica em “Não Se Preocupe, Querida”, Harry Styles dá vida à Tom Burgess, o policial que nomeia o filme e é o fio condutor da narrativa. Vivendo numa Inglaterra do fim dos anos 50, o agente se vê em uma dualidade de sentimentos conflitantes, que podem custar seu emprego e liberdade em uma época onde ser gay era considerado um crime.

A história

Durante o verão, Tom conhece Marion (Emma Corin), ao mesmo tempo que vive um amor proibido com o aspirante a artista, Patrick (David Dawson). A história acontece em duas linhas narrativas, mostrando o presente e revisitando o passado do trio de amigos inseparáveis na juventude.

As idas e vindas no tempo proporcionados pela linha cronológica adotada pelo diretor Michael Grandage revelam gradativamente a história por trás do trio apresentado, em um primeiro momento, como senhores aposentados vivendo em uma casa na beira da praia, no condado de Sussex. Patrick, vivido na terceira idade por Rupert Everret, é acolhido na casa de Marion (Gina McKee) e o marido Tom (Linus Roache) após sofrer um derrame.

A presença do antigo amigo na casa após décadas de afastamento desperta memórias em Marion. Folheando pelos diários de Patrick, ela revisita o passado em busca de explicações sobre o relacionamento proibido.

As dificuldades de um amor proibido

Com Patrick enfrentando limitações devido ao derrame, Tom se nega a ajudar Marion com os cuidados ao amigo. Na região onde vivem, o antigo policial investe longos minutos em passeios com o cachorro ou qualquer outra atividade que o mantenha longe da casa. É ali, naquele ambiente, e sob trágicas circunstâncias, que Tom é levado a encarar medos que por muitos anos foram ignorados dentro e fora de seu casamento com Marion.

Nesse sentido, Styles mostra estar mais confiante para tomar conta da telona. A performance, no entanto, não se iguala a sua confiança e presença nos palcos como cantor, mas cumpre o papel proposto de ser o objeto de desejo e disputa entre Patrick e Marion, evidenciando a melancolia e angústia de ser um homem gay no contexto em que está inserido. Contudo, muitas vezes sua atuação parece morna e robótica, como se Styles estivesse apenas lendo o roteiro que lhe foi apresentado, o que leva a crer que talvez uma direção mais forte poderia conseguir tirar melhor proveito do jovem ator.

A conexão entre Tom e Patrick começa antes mesmo de Marion se tornar uma possibilidade de futuro na vida do policial, que desejava se casar e ter filhos, mantendo uma imagem que agradasse o contexto. Mesmo depois de casado, ele continua mantendo relações secretas com o funcionário de museu, até que uma turbulência força o afastamento entre eles.

Diante dessa dificuldade, David Dawson muda de um charme encantador e protagonista em cada momento do filme, para um Patrick sofrido e injustiçado por um sistema homofóbico, representando o tom trágico já esperado em romances LGBTQIA+ de época.

Sensibilidade e fotografia

Em meio a um roteiro sem grandes surpresas, um dos destaques da produção é a fotografia detalhista. São exploradas as paisagens naturais proporcionadas pela região costeira em que vivem os protagonistas, além do forte destaque para as artes do museu e as muitas interpretações permitidas por elas.

No contexto dos relacionamentos construídos, até mesmo as cenas de sexo revelam muito sobre os personagens, usando de um tom sensível para expor as conexões possibilitadas pela intimidade. Com Patrick, Tom se entrega por completo, resultando até mesmo na primeira cena de nudez de Harry no cinema. Já com Marion, o sexo acontece com o casal totalmente vestido, evidenciando certo desconforto no momento.

O final do filme expõe uma reviravolta óbvia, que gera choque somente para os personagens, mas que aparenta ser o fim da monotonia angustiante adotada por Tom e Marion, e a porta de entrada para a aceitação – e o perdão – evitados por Tom ao longo de sua vida.

Veredito

Emocionante, mas básico, My Policeman entrega reflexão de uma vida difícil de quem apenas ama pessoas do mesmo sexo. Com escorregões da direção e do protagonista, as falhas prejudicam o longa, contudo, vale a pena assistir para termos mais uma chance de pensar sobre o quão duro sempre foi ser diferente.

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