E a famosa ‘casa das crises’, a DC, vem com mais uma reformulação. Dessa vez no melhor estilo “Angra” a DC nos traz o seu Rebirth.
Roteirizada por Geoff Johns, e nas artes Gary Frank, Ivan Reis, Phil Jimenez, Rebith #01 chegou às bancas americanas trazendo um ar nostálgico, e uma saudade que há muito eu não sentia lendo um quadrinho.
Eu que nunca fui um leitor assíduo da Distinta Concorrência, sempre lendo mais Marvel. Mas alguns personagens sempre me cativaram na DC: Batman, Superman, Os Novos Titãs (na fase linda de Wolfman e Perez), e sempre curti muitos esses personagens, e acredito que com os Novos 52, devo ter sentindo a mesma sensação que leitores mais velhos sentiram ao ler Crise nas Infinitas Terras: tudo aquilo que eles conheciam lhes fora tirado, uma reformulação que mudou tudo, e por conta do Flashpoint (aqui no Brasil conhecida como Ponto de Ignição) o universo DC foi rebootado.
Tentei acompanhar esse novo universo, com a desconfiança de que em algum momento tudo seria formatado e aquele universo pós-crise, que me era tão confortável e conhecido, voltaria, afinal, alguns indícios estavam ali, inclusive uma personagem misteriosa, Pandora.
Mas o tempo passou e, apesar de algumas mudanças entre batalhas e “Convergências”, eis que surge o Rebirth.
Como não lia DC a alguns anos, tirando algumas coisas soltas, recebi a edição de Rebirth com o pé atrás, mas eis que começo a folhear (ok, ok… passar as páginas digitais) a HQ e vejo Wally West em seu icônico traje de Kid Flash… a nostalgia falou mais alto, e comecei a ler, mesmo estando perdido na atual cronologia DC.
Dividida em 4 capítulos e um epílogo, os capítulos são divididos em conceitos. No primeiro intitulado “Perdido”, acompanhamos Wally perdido na força de aceleração, buscando entender o que aconteceu no advento Flashpoint, e tentando voltar ao fluxo cronológico, em uma missão de avisar a todos que algo deu errado, que anos foram roubados de nossos heróis, e não apenas anos, mas relações e vidas, amores e amizades.
A segunda parte trata de “Legado”, e tudo o que ele representa para os defensores da DC, e o quanto desse legado que foi apagado das memórias de todos, e buscando a aceitação de quem eles foram.
“Amor”, esse é o tema do terceiro capítulo, e como muito foi esquecido, amores foram deixados de lado, histórias fortes e tão verdadeiras nas vidas desses seres tão poderosos e tão humanos, e um resquício do que sempre foi estabelecido com a presença do Superman pós-crise, sua esposa Lois e o filho do casal, Jon.
No último capítulo, “Vida”, continuamos a acompanhar Wally, na busca angustiante por entendimento de tudo o que aconteceu, mas no fim, Wally aceitou sua condição, aceitou o seu destino inexorável. Abraçando a ideia do fim, com lágrimas nos olhos, e incertezas do que aconteceu. E em um último suspiro de esperança, e mais com saudosismo na alma do que qualquer outra coisa, ele decide contatar seu tio e mentor, aquele que fez Wally ser quem ele é, Barry Allen. E um dos momentos mais emocionantes dos quadrinhos, e que há muito não se via, Barry percebe que sabe quem é essa entidade, e tomado por uma dor até então desconhecida, ele busca perdão por ter esquecido de alguém que sempre lhe foi tão importante.
A edição fecha com um epílogo, que traz muita confusão e medo, afinal, mexer com algo tão bem estruturado, uma HQ que fala de desconstrução do herói, para redefinir conceitos tão saudosos, é perigoso. No epilogo, Dr. Manhattan é introduzindo como um ponto de mudança de tudo, e como uma divindade que se cansou de tudo que criou.
Nesta primeira edição, Geoff Johns consegue fazer o leitor ter um misto de sentimentos, mas o que eu mais senti foi saudade. Na cena em Wally e Barry se abraçam, foi um abraço de ‘bem-vindo, você está em casa’. E acredito que foi isso que ele quis passar, aceitando que os Novos 52 foi uma tomada mercadológica para atrair novos leitores e que, em seu fim, não funcionou, e agora precisam trazer o leitor que tinha abandonado as HQs da DC de volta.
Os pontos negativos ficam a cargo ainda dessa ideia desnecessária deles quererem dar uma identidade ao Coringa, e não apenas uma, mas três. O Coringa é uma força de loucura e não precisa ter um nome, uma identidade. Ele é o Coringa e isso basta!
Introduzir Watchmen no universo tradicional, é algo que a DC tenta a muito tempo, afinal a HQ é um marco nos quadrinhos, e como falei, é um trabalho de desconstrução do herói, e não acredito que funcione no conceito abordado em Rebirth, fora que Watchmen é algo que não precisa ser mexido.
Rebirth, assim como a música da banda citada no início, vem cheia de “recalling, retreating, returning, retrieving”. O chamado aos leitores saudosistas é forte. Aquele que, com certeza, vai se sentir em casa, recordando bons momentos, repletos de muita emoção, mas no fundo, cheio de desconfiança no fechamento dessa saga. Bem, só podemos esperar as próximas edições e acompanhar o que o futuro nos reserva, e como ficará o universo DC pós Rebirth.
Comecei muito cedo a consumir cultura pop, graças a minha Santa Avozinha que me presenteou com a edição A Espada Selvagem de Conan N° 14. Tenho a absoluta certeza que Jack “The King” Kirby é mais importante para o universo dos quadrinhos que Stan “The Man” Lee. Sou fã de Star Wars, Lord Of The Rings, Poderoso Chefão, Batman e Wolverine. Amante de bons filmes e louco por pudim e Doritos picante.