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Bingo: O Rei das Manhãs | Crítica (Sem Spoilers)

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Olá, criançada! Chegou a hora do programa do palhaço mais alegre da TV. O Boz…OPA!… Bingo. Biiiinnngo!?
Bingo: O Rei das Manhãs, longa de estreia de Daniel Rezende, que trabalhou em obras como Cidade de Deus e o remake de Robocop.

O longa conta a trajetória de Augusto Mendes (Vladimir Brichta), filho de uma grande atriz aposentada (Ana Lúcia Torre), Augusto segue os passos da mãe, fazendo novelas e pornochanchadas, até que a oportunidade de tornar-se a mais nova atração da TV brasileira surge para ele, tornar-se o Bingo. A partir desse momento, Augusto descobre as alegrias e tristezas que o grande sucesso cobra das pessoas, e o tormento de que ninguém poderia saber que ele era o personagem mais amado do Brasil.

Bingo é inspirado na vida de Arlindo Barreto, um dos atores que atuaram como o Bozo, o personagem principal de um dos programas infantis mais famosos da TV americana e que, aqui no Brasil, ganhou mais do nosso jeitinho graças ao trabalho do Arlindo.

O filme mostra os anos de 1980, momento de ebulição na cultura pop brasileira. A TV estava tornando-se popular, com sua disputa quase sem limites pela audiência, e mostrava-se um celeiro louco para muita coisa. Novelas, quiz shows e muita propaganda dominavam a TV brasileira. Todo esse universo sem barreiras é mostrado no longa. O roteiro de Luiz Bolognese mostra o universo da disputa entre as emissoras. Como esses programas funcionavam por dentro e todos os bastidores de premiações e encontros entre atores e produtores. Claro que muitos nomes foram alterados para evitar alguns processinhos, aí entram a Mundial com seus produtores escrotos (Pedro Bial) e escritores de novelas de egos inchados, e a TVP com uma produtora linha dura evangélica (Leandra Leal) com a oportunidade de trazer uma nova franquia gringa para a nossa terrinha.

A recriação de todo esse mundo dos bastidores da TV dos anos 80 feita por Cassio Amarante e Verônica Julian é magnifica! As escolhas por uma imagem levemente desfocada e com granulação dá o clima certo. A breguice das roupas iluminadas por muito neon é a cara dos 80’s e, pra mim, foi como voltar pra infância. Tudo isso regado à uma trilha sonora matadora. O puro suco 80’s FM , cortesia de Beto Vilares . A edição de Márcio Hashimoto e a fotografia de Lula Carvalho são impecáveis.

O texto de Luiz Bolognese é ágil e sagaz. Não apostando em monólogos e, sim, na rapidez de conversas, gírias e pequenos e poderosos momentos. A trama simples e linear ganhou, assim, em agilidade. Também é bem-vinda ver que a sacanagem e o politicamente incorreto não foi esquecido e sim utilizado de forma esperta, trazendo humor certeiro para a trama. Devido a linearidade do enredo o roteiro torna-se previsível, mas isso não interfere na experiência como um todo.

Vladimir Brichta é a cereja do bolo do elenco. É notável e fantástico perceber a entrega e o trabalho que ele faz no longa. Leandra Leal faz muito bem a produtora Lúcia e o Camera Man Vasconcelos, interpretado pelo Augusto Madeira, o nosso Samuca Jackson, é o amigo certo na zueira e na tristeza. Cauã Martins surpreende como Gabriel, o filho do Augusto e o restante do elenco, com Tainá Muller (Angélica), Emanuelle Araújo (Gretchen) e outros dão conta do recado e encontrar Domingos Montagner aqui foi uma alegria bem-vinda também.

Dosando ousadia, apuro histórico, um diretor seguro e um protagonista apaixonado, Bingo: O Rei das Manhãs é um retrato da piração sem limites dos anos 80 na história da TV brasileira. Um retrato ultra colorido neon de que a vida não é brincadeira, não.

  • Direção
  • Elenco
  • Fotografia
  • Roteiro
4.5

Resumo

” – Bingo: O Rei das Manhãs é um retrato da piração sem limites dos anos 1980 na história da TV brasileira. “

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