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Bate Coração | Crítica (SEM Spoilers)

Bate Coração é o mais novo filme do diretor Gláuber Filho e da Estação da Luz Filmes. Gláuber é conhecido diretor cearense que possui obras fundamentadas na religião Espírita, como o longa As Filhas de Chico Xavier, mas que, dessa vez, usa também da comédia em sua nova obra.

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Bate Coração é o mais novo filme do diretor Gláuber Filho e da Estação da Luz Filmes. Gláuber é conhecido diretor cearense que possui obras fundamentadas na religião Espírita, como o longa As Filhas de Chico Xavier, mas que, dessa vez, usa também da comédia em sua nova obra.

Na noite de ano novo, o publicitário conquistador Sandro (André Bankoff) sofre um ataque cardíaco e precisa fazer um transplante de urgência. Ele acaba recebendo o coração de Isadora (Aramis Trindade), travesti dona de um salão de beleza que havia morrido poucos momentos antes, vítima de um atropelamento. Após o transplante, Isadora, em espírito, passa a seguir os passos do publicitário. Enquanto isso, Sandro começa a perceber mudanças de comportamento e passa a enxergar o mundo de uma maneira diferente.

O roteiro, também escrito por Gláuber, é uma adaptação das peças “Acredite, um espírito baixou em mim” e “O coração safado”, ambas de Ronaldo Ciambroni, acerta bastante em trazer um olhar para dentro da comunidade LGBT, usando muito bem a personagem de Isadora como um dos protagonistas da obra, ao lado de Sandro, assim criando muito bem duas narrativas paralelas que mostram as realidades de seus personagens. Com uma narrativa leve e bem direcionada o filme faz, assim, o espectador criar uma empatia necessária para que se possa acompanhar o caminho dessas pessoas e de como elas vão se cruzar.

É muito prazeroso ver o olhar delicado que Gláuber traz para a realidade de Isadora, mostrando as qualidades e defeitos que essa pessoa possui, como também é legal ver como o roteiro mostra Sandro como um personagem que está em um momento difícil e que ele não necessariamente é uma pessoa ruim, apenas desinformada e presa à valores ultrapassados. Ao utilizar a comédia Gláuber, soube criar momentos divertidos e reflexivos, que se tornariam muito dramáticos e até nocivos nas relações entre os personagens. Isso ajuda a aliviar o inerente clima pesado que a obra teria mas que, graças ao texto bastante ágil, ganha naturalidade, que é uma característica bastante presente durante todo o longa. A reverência em ambos os campos, tanto da comédia quanto o lado Espírita que o longa possui, são muito bem tratados e isso traz uma visão positiva, ao meu ver, sobre a espiritualidade dentro da comunidade LGBT e até mesmo do público em geral, desmistificando e quebrando barreiras de forma simples e bem direta.

Aramis Trindade e André Bankoff são as grandes estrelas do elenco. As suas escolhas foram incrivelmente acertadas, pois ambos trazem bastante segurança e verdade aos papéis que eles interpretam. Em nenhum momento os atores se entregam ao exagero e os momentos de comédia ou de drama são incrivelmente bem interpretados por ambos. O elenco de coadjuvantes segue bem seus protagonistas, com destaque para Germana Guilherme e sua Vera, a esposa e companheira firme de Isadora.

Tecnicamente muito bem executado e com um destaque positivo para o longa ter sido todo gravado em Fortaleza, e isso é reconhecível em suas tomadas e traz uma alegria à mais para quem conhece a cidade.

Bate Coração é um filme que acerta em ser muito positivo em sua mensagem. Inclusivo e divertido, Gláuber Filho traz uma mensagem alegre para que possamos sempre aprender com o que a vida traz, seja de bom ou de ruim, e que recomeçar nunca será um problema, mas sim uma oportunidade.

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