” A Paralaxe é utilizada, na astronomia, para definir a diferença na posição aparente de um objeto visto por observadores que se encontram em locais diferenciados.” Fonte: Infoescola
Danilo Beyruth chegou onde nenhum outro autor do selo Graphic MSP ousou. Ter um quinto álbum dentro do selo é, sim, atingir um patamar que poucos autores nacionais conseguiriam. Aqui o autor conta, mais uma vez, com a palheta de Cris Peter, que soma forças com Brendda Maria e Marina Garcia também nas cores.
Nessa quinta parte da space opera do personagem criado por Maurício de Sousa, o Astronauta Pereira, juntamente com a Isabel (ver Astronauta: Assimetria), correm em busca de descobrir onde estão os pais da menina, o Astronauta e a Rita de outra realidade, que também seguem na mesma busca. Além disso, aqui entra mais um elemento nessa busca, um terceiro Astronauta que, diferente das outras versões, move-se por motivos egoístas.
A maior sensação que essa edição traz é a de constante corrida contra o tempo. Os três núcleos da história estão sempre em movimento. Essas ações levam os personagens a descobertas importantes, e aqui preciso citar algo que percebi: cronologia. Astronauta: Parallax já exigirá que você tenha lido todas as edições anteriores do personagem dentro desse selo, e até mesmo outras, como as do Capitão Feio, para uma melhor compreensão dessa trama.
A adição do terceiro Astronauta deixa as coisas mais complexas e perigosas, e essa sensação de perigo é constante em todos os núcleos graças às escolhas acertadas de roteiro que surgem como um espelho do momento atual no país.
A arte do Danilo aqui tem uma clara escolha por quadros maiores, com um grid de página bem tradicional e 5-6 quadros por página. É uma edição de arte mais limpa e direta se comparada a grandiosidade vertical de Assimetria ou a sujeira e caos apertado de Entropia. As cores, aqui produzidas pela equipe de arte capitaneada pela Cris Peter, são competentes e sempre trabalham lado a lado com a arte do Danilo.
Astronauta: Parallax é o meio de um caminho. Um novo capítulo que acrescenta mais elementos ao grande prisma narrativo que nasceu pequeno e intimista em Astronauta: Magnetar, teve seu tamanho máximo em Astronauta: Assimetria e agora segue com tudo rumo ao sexto (e derradeiro, será?) álbum do personagem e que mostra que cada leitor possui uma “parallax” muito particular nessa jornada. Qual é a sua?
Nascido em Fortaleza, trabalha profissionalmente com quadrinhos e ilustração desde 2005, quando começou a vender seus trabalhos pela Internet em sites de vendas como o E-Bay. Trabalhou para editoras norte-americanas, ministrou aulas de desenho e quadrinhos, e vem participando de diversos eventos nos Artists’ Alleys e em painéis sobre cultura pop, quadrinhos e artigos/notícias para o site do Dínamo Studios, do artista Daniel HDR.