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Alearum Liber | As Brumas de Avalon & As Crônicas de Artur

Publicado há
8 anos atrásem
Até mesmo as lendas mais conhecidas podem ter dois lados. E quando dois autores se juntam para contá-los, o resultado é simplesmente incrível.
O mundo conhece a lenda do rei Artur. Contada e recontada ao longo dos séculos, são inúmeras as versões da história do rei britânico que trouxe a era de ouro para o que viria a se chamar Grã-Bretanha. Seus Cavaleiros da Távola Redonda, o romance de Lancelote e Guinevere, a espada Excalibur, o mago Merlin e a bruxa Morgana são constantes da cultura europeia que ganharam o mundo não só através da literatura, mas também com filmes, animações e seriados. No entanto, dois autores receberam destaque entre essas inúmeras adaptações: a estadounidense Marion Zimmer Bradley e o britânico Bernard Cornwell.
As Brumas de Avalon é a obra de Bradley, composta por A Senhora da Magia, A Grande Rainha, O Gamo-Rei e O Prisioneiro da Árvore. Já a trilogia As Crônicas de Artur, de Cornwell, é formada por O Rei do Inverno, O Inimigo de Deus e Excalibur. Todos eles são fáceis de encontrar na internet (e você pode até conseguir um desconto usando um cupom).
As Brumas de Avalon (no original The Mists of Avalon), por outro lado, escolhe contar a história a partir de suas personagens femininas. Igraine, Morgana, Viviane, Morgause e Guinevere tomam as rédeas da lenda e é a partir de suas impressões que os eventos são relatados. Bradley coloca suas personagens na frente dos acontecimentos e chega a reinventar parte da trama: a Senhora do Lago e o Merlin da Bretanha, por exemplo, são títulos para os líderes da cultura celta pagã em vez de personagens por si só.
A autora revela uma trama centrada não apenas na visão feminina dos acontecimento, mas também na força dessas mulheres e em como elas influenciavam tudo o que acontecia ao seu redor, às vezes de maneira muito sutil, outras vezes com o poder político e religioso (principalmente entre os pagãos). Um traço da escrita de Bradley, o confronto do poder feminino diante de uma sociedade masculina aparece constantemente na obra. As personagens da autora são cativantes e sua narrativa envolve um mundo de romantismo, rituais pagãos, canções, magia e filosofia. É uma visão mais simples em termos de batalha e política, mas muito mais profunda na construção dos personagens.
Já As Crônicas de Artur (no original The Warlord Chronicles) parece complementar a obra de Bradley. Ambas as obras, trazendo uma grande carga de pesquisa aliada à genialidade de seus escritores, colocam personagens muito diferentes como focos para contar a lenda. E, em nenhuma delas, é a figura do rei, mas daqueles que viviam ao seu redor, os observadores dos eventos que se desenrolavam pelo que ficou conhecida como Velha Britânia.
Mais dura e realista que a visão da americana, a história narrada por Cornwell traz a visão do jovem Derfel Cadarn, um órfão que foi adotado pelo poderoso druida Merlin. O Merlin de Cornwell é interesseiro, ranzinza e meio louco. A maneira de retratar a vida do povo simples da Velha Britânia, com uma grande acuidade história, rendeu os louros ao autor (que considera a trilogia como seu trabalho favorito até os dias atuais). Além disso, existe um maior envolvimento na intriga política e no militarismo, com a religião entrelaçada a tudo.
Enquanto As Brumas de Avalon coloca a magia num plano sobrenatural que toca o mundo real e que não deixa dúvidas de sua existência na trama, a obra do britânico é menos mística, com uma magia sujeita à visão do próprio leitor. Em muitas passagens é possível ficar em dúvida se alguma magia estava em ação ou se o protagonista, Derfel, estava associando coincidências e fatos às suas próprias crenças e acreditando que o que estava acontecendo eram as forças da antiga religião.
As duas obras tanto se complementam que quando a editora Conclave resolveu lançar um RPG sobre a lenda de Artur, utilizou aspectos tanto de uma quanto da outra. Crônicas de Avalon descreve o cenário da Velha Britânia em detalhes, tanto mecânicos (com classes e talentos) quanto narrativos (o que inclui dicas para mestres e jogadores). Para quem curte a lenda arturiana e deseja trazê-la à mesa, é uma leitura extremamente válida.
MORGANA
Como não podia deixar de ser, essa sessão não se completa sem uma adaptação de um dos personagens para Tormenta RPG. E dessa vez é a Morgana de As Brumas de Avalon que se coloca para sua mesa de jogo. Eu poderia tê-la descrito como uma druida, mas sua maneira de se colocar e agir lembra um pouco a classe Adoradora de Wynna, do suplemento O Desafio dos Deuses.
Morgana: humana, Maga 5/Adoradora de Wynna 4, N; ND 9; Médio, desl 9 m; PV 42; CA 19 (+4 nível, +2 Des, +3 item mágico); corpo-a-corpo: foice +3 (1d4+3, 19-20/x2); distância: magia +6 toque (dano por magia +8); hab. item de poder, escolhida da Deusa, independência orgulhosa, magia inimiga; Fort +6, Ref +6, Von +9; For 8, Des 14, Con 14, Int 18, Sab 17, Car 12.
Perícias & Talentos: Conhecimento (arcano) +16, Conhecimento (natureza) +16, Conhecimento (religião) +16, Cura +15, Enganação +13, Identificar Magia +16, Ofício (boticária) +16, Percepção +15. Contramágica Aprimorada, Criar Itens Maravilhosos, Defesa da Magia, Devoto, Magia Poderosa, Magias em Combate, Mago de Batalha, Poder Mágico x2, Poder Oculto.
Magias de Mago Preparadas: 0 – Detectar Magia, Luz, Mensagem, Prestidigitação, Resistência; I – Disfarce Ilusório, Enfeitiçar Pessoa, Escudo Arcano, Mísseis Mágicos x3; II – Imagem Maior, Névoa; III – Curar Ferimentos Graves x2, Imobilizar Pessoa, Sugestão; IV – Adivinhação, Rogar Maldição; V – Muralha de Energia, Telecinese; PM 40, CD 17 + nível da magia.
Equipamentos: anel do arcano, braçadeiras da armadura +3.
Normalmente descrito como um humano meio-abissal, Bardo 2/Mago 5/Universitário 6, Caótico e Trevoso.