A Múmia, estrelado por Tom Cruise, ao lado de Russell Crowe e Sophia Boutella. O filme marca o retorno do monstro clássico dos cinemas e o início do “Dark Universe” (sim, eles não traduziram o termo), o universo compartilhado dos monstro da Universal, como o Drácula, Lobisomen, Frankenstein e a Múmia, em um formato similar ao que o Marvel Studios e a Warner/DC vem utilizando nos seus filmes.
Tom Cruise interpreta Nick Morton, um militar batedor tático no Iraque e que, junto do seu amigo Vail (Jake Johnson), saqueiam tesouros arqueológicos locais e revendem no mercado negro. Acidentalmente, durante uma invasão numa base inimiga, eles descobrem um sarcófago egípcio enterrado no local e que, segundo leituras da arqueóloga Jenny Halsey (Annabelle Halsey), tratasse da Princesa Egípcia Ahmanet, e ao escavarem e retirarem o sarcófago desta tumba, desencadeiam um antigo mal ali preso e, contando com a ajuda do Dr. Henry (Crowe), tem que parar a nova múmia.
Esse é um projeto importante pra Universal, pois é o inicio de algo maior, um universo compartilhado de seus monstros clássicos trazidos para os dias de hoje, e o projeto perdeu força com Alex Kurtzman na cadeira da direção desse longa. Com nenhuma experiência dirigindo e só com créditos como produtor em obras como Star Trek e O Espetacular Homem-Aranha 2, o diretor comete erros de iniciante, como não dar uma unidade e personalidade ao filme ou buscar interpretações melhores de seu elenco.
Tom Cruise coloca o seu selinho de qualidade aqui. Ele corre, pula, rola no chão, rola no ar, faz piada, paga bundinha e muito mais. É sempre legal ver o Tom Cruise porque ele sempre se entrega aos seus projetos e isso move a obra. Russell Crowe se diverte na canastrice e pomposidade do seu personagem. Johnson e o seu Vail estão lá pra fazer o parceiro chapa do protagonista e Halsey faz uma Jenny que é tristemente usada apenas como Wikipédia com rosto de cera simetricamente lindo e inexpressivo na maior parte do filme. Boutella não faz feio, num bom misto de agressividade, agilidade, lascividade e força, trazem uma visão muito bem-vinda para um monstro geralmente lento como a múmia.
O roteiro escrito por seis (??) autores (David Koepp, Christopher McQuire, Dylan Kussman, Jon Spaihts, Alex Kurtman e Jenny Lumet) é padrão e simplório. Sem maiores reviravoltas e algumas situações previsíveis do roteiro, o filme segue sem maiores dificuldades e ousadias. Até a introdução da Prodigium, que marca o inicio do Dark Universe, é feito de forma simples e direta (fique atento aos easter eggs aqui). O ritmo é bem cadenciado e tem boas cenas de ação e que até empolgam pela grandiosidade. Diálogos fracos e expositivos, e piadas ruins fecham o pacote.
Ben Seresin acerta com uma fotografia básica. Indo do amarelo do deserto ao cinza azulado de Londres como manda a cartilha. A Arte assinada por Andrew Ackland-Snow e equipe é bem satisfatória, tendo criado uma Múmia mais solta e ágil, aproveitando bem a interpretação física da Sophia Boutella (vejam Kingsman). A edição de Gina e Paul Hirsch, e Andrew Mondshein junto da trilha sonora de Brian Tyler se mesclam bem na obra gerando bons momentos e tudo isso embalados em efeitos especiais competentes e bem utilizados.
A Múmia é filme na média. Tem seus bons e maus momentos. Tem seu maior acerto em Tom Cruise e em seu carisma, e até planta boas sementes para o inicio do Dark Universe, mas para no campo da aventura escapista. Diverte, até, mas tinha potencial para ir muito mais longe.
Nascido em Fortaleza, trabalha profissionalmente com quadrinhos e ilustração desde 2005, quando começou a vender seus trabalhos pela Internet em sites de vendas como o E-Bay. Trabalhou para editoras norte-americanas, ministrou aulas de desenho e quadrinhos, e vem participando de diversos eventos nos Artists’ Alleys e em painéis sobre cultura pop, quadrinhos e artigos/notícias para o site do Dínamo Studios, do artista Daniel HDR.