Lançada anteriormente em cinco capítulos pelo Globoplay, A Divisão ganha uma versão re-editada e revisada em longa metragem dirigida por Vicente Amorim.
No fim dos anos 1990 uma onda de sequestros abala o Rio de Janeiro. Um grupo de policiais assume a Divisão de Antissequestro (DAAS) e a missão de desmontar as quadrilhas que transformou o crime em indústria. Nos bastidores das investigações, a disputa de poder opõe de um lado, Mendonça – policial incorruptível porém extremamente violento – e do outro, Santiago, Ramos e Roberta – eficientes porém corruptos. O resultado: em poucos anos, zero ocorrências.
Essa versão funciona muito bem na tela grande. A edição dos capítulos em um formato cinematográfico fez bem ao projeto, graças ao trabalho de edição feito por Danilo Lemes, que mesmo deixando as coisas um pouco confusas no primeiro ato, conseguem encontrar um ritmo certo. Assim como na edição, o próprio roteiro, produzido por um time de roteiristas capitaneados pelo Vicente Amorim, demora a achar um ponto focal no primeiro ato, até que consegue se firmar em duas linhas narrativas e a partir daí vai muito bem num crescente de tensão, ação e drama. Um elemento que se sobressaí é a fotografia criada pelo Gustavo Hadba, que aposta bem no filtro sépia e paleta de cores desaturda,dando um clima sempre pesado e também no eficiente uso dos ângulos para reforçar o clima das cenas, em especial os planos detalhe, que ajudam a aumentar a tensão.
Outra grande força da obra está nos seus protagonistas, o Delegado Mendonça (Silvio Guindane) e o policial Juliano Santiago (Erom Cordeiro). Como forças antagônicas, o conflito dos dois ajuda a criar a tensão necessária pra tornar o filme sempre interessante e te prender na narrativa. Roberta (Natália Lage) e Antônio Ramos (Thelmo Fernandes) são os parceiros de Juliano. O Delegado Luís (Marcos Palmeira) vem como outro elemento contrário ao Delegado Mendonça. É importante perceber que há uma grande quantidade de personagens. Alguns são muito bem desenvolvidos, outros aparecem pouco, mas cumprem bem a sua função narrativa.
No quesito da ação, o filme não faz feio. É claro perceber as influências de obras como Tropa de Elite e até mesmo um pouquinho de filmes do Michael Mann (Miami Vice) e isso traz um resultado que se equipara bem ao que vemos de produções blockbuster.
A Divisão acerta muito bem em ser um thriller policial de ação. Sabe se utilizar bem dos clichês de obras policiais e mesmo tendo uma sendo oriundo de uma série, consegue trazer um resultado novo pra essa história.